ABERTURA DOS RESTAURANTES – Cenário de um novo comportamento social?

“Por ser tratar de algo novo, estabelecer um novo pacto de comportamento social entre comercio, setor público e população é um desafio para todo mundo”.

Diego Brígido

No dia 10 de julho, o Governo do Estado enquadrou a Baixada Santista na fase amarela do Plano São Paulo, que permitiu abertura de estabelecimentos, obedecendo as recomendações municipais sobre escala de horários e implantação de equipamentos de segurança.

No último dia 15, a prefeitura de Santos divulgou nota sobre os protocolos de funcionamento de hotéis, bares e restaurantes nesta fase amarela. Em Santos, os hotéis poderão atuar com capacidade de até 40%.

PEDAGOGIA SOCIAL

Para o Jornalista, Gestor de turismo e hospitalidade Diego Brígido, o desafio de estabelecer um novo pacto de comportamento social entre comercio, setor público e população é um desafio coletivo.

Brígido destacou que já estava no momento da reabertura, mas que andando pela região no primeiro fim de semana pós abertura, encontrou um preocupante clima de véspera de feriado ou de temporada de verão. “Tanto a população como os estabelecimentos ainda estão um tanto perdidos quanto aos protocolos de comportamentos nos restaurantes. Isso é uma construção que teremos que fazer juntos, para educar os comportamentos dentro das casas (estabelecimentos) e até mesmo nas ruas”

Para Heitor Gonzalez, o momento é o de educar o cliente, os colaboradores, funcionários e os próprios empresários. “Eu ainda estou tentando entender, é uma situação delicada, e muitas vezes constrangedora, pois algumas pessoas não aceitam os protocolos”.

Gonzalez descreveu situações que ocorreram nestes primeiros dias de reabertura em seus restaurantes. “Algumas pessoas chegam no estabelecimento de máscara, medem a temperatura, higienizam as mãos e depois esquecem da vida. Quando levanta para ir ao banheiro já não quer pôr a máscara. Quando entra, é cheia de dedos e na hora de ir embora vai sem a máscara” relatou Gonzalez.

“Eu ainda estou tentando entender, é uma situação delicada, e muitas vezes constrangedora, pois algumas pessoas não aceitam”.

Heitor Gonzalez

DIÁLOGO COM A SOCIEDADE

O empresário Wladimir Mattos afirmou estar otimista com a evolução do processo de reabertura, principalmente com as medidas que estão sendo tomadas pelos empresários do setor, que estão procurando dialogar e conscientizar a população das medidas que estão sendo tomadas para a reabertura com segurança. Mas se mostrou preocupado com o comportamento de parte da população. “Eu compartilho deste otimismo, principalmente em razão dos restaurantes terem feito a lição de casa, mas vejo com desconfiança o comportamento de parte da população que insiste em ignorar os cuidados básicos, e que poderá fazer nossa região retornar a zona laranja ou até mesmo vermelha” afirmou. “Há uma maioria da população consciente da necessária mudança de comportamento, no entanto, é justamente essa parcela que está insegura para sair de casa.”  Concluiu Mattos.

IMPACTO SOBRE EMPREGOS NA REGIÃO

Segundo Gozalez, nas 23 cidades atendidas pelo sindicado, com 15 mil empresas e aproximadamente 150 mil funcionários, a estimativa é de que algo em torno de 25 a 27 mil funcionários tenham perdido seus empregos. “Teremos mais demissões nos próximos meses.   “Ainda não tivemos muitos fechamentos, a não ser os pequenos, mas o fechamento (de bares e restaurantes) poderá ocorrer nos próximos dois ou três meses. Enquanto o governo está pagando auxílio emergencial, os aluguéis estiverem negociados e as contas de água e luz não forem cortadas, as pessoas continuarão achando que estão salvas, mas não é verdade, o pior ainda virá”.  Argumentou Gozalez

“O momento é o de educar o cliente, os colaboradores, funcionários e os próprios empresários”

.Heitor Gonzalez

OTIMISMO PARA A PRÓXIMA TEMPORADA DE FIM DE ANO

Apesar do prognostico sombrio, os convidados foram unanimes quanto a aposta na próxima temporada de verão para retomar os melhores resultados do setor. Wladimir Mattos entende que o fechamento da Europa e EUA vão de alguma forma favorecer a região. A mesma opinião é compartilhada por Brigido e Gonzalez que apostam na próxima temporada para uma virada de jogo, apesar de todos impactos causados pela crise ao setor.

Assista ao programa completo

live Protagonismo Regional em Debate, promovido e organizado pelo Movimento Protagonismo Cidadão é transmitido pelo Youtube, Facebook e Instagram todas as segundas feiras, a partir das 19h30h.

Convidados deste programa 20 de julho de 2020

Heitor Gonzalez, Empresário do setor de gastronomia, e turismo dono do restaurante Rufinos e do equipamento Aquamundo, é presidente do SinHoRes

Diego Brigido – Jornalista e bacharel em turismo, com especialização em marketing estratégico e gestão de turismo e hospitalidade. Professor universitário dos cursos de turismo, hotelaria, gastronomia e comunicação e editor-chefe da Revista Nove e do Guia Comer & Beber.

Wladimir Mattos – Empresário do setor Portuário

Apresentação – Sergio França Coelho  

CONTEXTUALIZAÇÃO

Os restaurantes e bares foram segmentos fortemente impactados pela crise do novo coronavírus. Em nossa região, os estabelecimentos ficaram fechados por quatro meses, e os empresários do setor tiveram de adotar os serviços de delivery e take away (onde os clientes retiravam o pedido no local). Preocupados com o cenário o Sindicato de Hotéis e Restaurantes de Santos (SinHoRes) pleiteou isenção de impostos municipais e prestou atendimento aos associados da entidade, enquanto estes permaneciam fechadas.

No dia 10 de julho, o Governo do Estado enquadrou a região na fase amarela do Plano São Paulo, que permitiu abertura de estabelecimentos, obedecendo as recomendações municipais sobre escala de horários e implantação de equipamentos de segurança.

No último dia 15, a prefeitura divulgou nota sobre os protocolos de funcionamento de hotéis bares e restaurantes nesta fase amarela. Em Santos, os hotéis poderão atuar com capacidade de até 40%.

Além de disso a prefeitura destaca o trabalho de comunicação e orientação aos visitantes, que “devem receber informações sobre os novos protocolos de saúde, bem como informar sobre seu estado de saúde, indicando se está dentro do grupo de risco e se possui plano de saúde”. Mencionou a nota.

Foram também divulgados os decretos que regulamentaram os protocolos de reabertura que estabeleceu uso de máscara pelos funcionários e clientes; álcool em gel; cardápios plastificados para serem higienizados a cada uso; higienização de maquininhas de cartão e distanciamento de mesas.

Os representantes do segmento receberam com expectativa e alivio a retomada das atividades, já que durante o período que os estabelecimentos ficaram fechados, as casas registraram uma queda no faturamento de 70%. 

Antes mesmo do pronunciamento do Governador, o SinHoRes já orientava os hotéis e restaurantes associados sobre as possíveis regras que seriam adotadas para esta retomada.

Para Heitor Gonzalez, presidente do SinHoRes, o momento é de conscientização: “Agora que a região está enquadrada na fase amarela, é momento de educar os empresários, funcionários e clientes para esta nova realidade”.

O gerente comercial do Santos, Convention e Visitours Bureau Gilson Felix entende que é preciso acompanhar esta reabertura sob a ótica de avaliar constante das medidas governamentais frente a um novo comportamento da sociedade. “Sem conscientização da população, o setor poderá sofrer ainda mais, pois os desafios anteriores a pandemia continuam existindo” argumentou Félix.

O processo de reabertura dos hotéis, bares e restaurantes não é assunto de interesse apenas do setor, mas da sociedade como um todo. Os mais de 4 meses de fechamento afetaram as rotinas das pessoas, aplicando grande golpe na já combalida economia local.