15 de novembro de 2021
Próxima de completar 500 anos de fundação, Santos é uma das mais antigas cidades do Brasil. Sua história se confunde com a própria história brasileira abrigando edificações e sítios arqueológicos de inestimável valor histórico. Reza a história, que em 1543 com o término da construção de uma capela num outeiro em homenagem a Santa Catarina por Luís de Góis, Brás Cubas conseguiu por motivos de segurança, a transferência do Porto da Ponta da Praia para o sítio do Enguaguaçu. Na mesma época, o fidalgo português levaria a cabo a instalação de um hospital nos moldes da Santa Casa de Lisboa, acelerando o desenvolvimento do local. O hospital foi denominado Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos (o segundo hospital do Brasil), sendo o mais antigo do país em funcionamento, uma vez que o Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Olinda foi extinto.
O novo povoado de Enguaguaçu passou então a ser conhecido como o povoado de Todos os Santos. A região próxima ao Outeiro era conhecida como “Vila do Porto de Santos”, e depois, apenas “Santos”. Dessa forma, o povoado cresceu em importância, e elevado à condição de vila por Brás Cubas em 1546, vivendo os seus primeiros anos de ocupação por imigrantes portugueses e espanhóis, tendo a Capela de Santa Catarina como igreja matriz da vila.
Ainda hoje, comenta-se o fato de Santos ser uma das poucas cidades que conhecem exatamente o seu local de nascimento: o Outeiro de Santa Catarina, que existe até hoje. Santos foi elevada à categoria de cidade em 26 de janeiro de 1839 quando a Assembleia Provincial (que hoje equivale a Assembleia Legislativa Estadual) resolveu aprovar uma Lei que elevou a Vila de Santos à condição de Cidade, assinada por Venâncio José Lisboa, presidente da Assembleia. Logo, comemora-se a cada dia 26 de janeiro o aniversário da cidade – não apenas o de sua elevação à categoria de Cidade, mas também o da sua fundação por Brás Cubas.
AS MARCAS DO CAFÉ NA HISTÓRIA DE SANTOS – Palco de grandes transformações urbanas e sociais na transição do século XIX para o século XX, Santos tem em seu DNA histórico outro grande fator que se confunde com a história brasileira: O Café. A comercialização do principal produto de exportação no período, foi o responsável pelas principais modificações urbanas iniciadas na segunda metade do século XIX com grandes investimentos no município, tais como a inauguração da ferrovia Santos-Jundiaí, em 1867 e a abertura do porto organizado, em 1892. Por fatores como este historiadores de várias partes do Brasil afirmam que preservar a história de Santos e seus museus, é ao mesmo tempo, preservar a própria história brasileira. Algo fundamental para a compreensão da realidade social e política atual de qualquer país, e para o futuro do seu desenvolvimento.
O MUSEU DO CAFÉ – Dentre os símbolos de preservação do patrimônio histórico regional estão o Museu do Café e o Museu Pelé. O primeiro, inaugurado em 1998, é um dos principais pontos turísticos da cidade de Santos e tem como objetivo a preservação e divulgação da história do café no Brasil e no mundo. Por meio de objetos, documentos e recursos audiovisuais, a instituição mostra ao público como a evolução da cafeicultura e o desenvolvimento político, econômico e cultural do país estão ligados, desde meados do século XVIII até os dias de hoje. Instalado no palácio da antiga Bolsa Oficial de Café, inaugurada em 1922, o Museu do Café tem como destaque do acervo o salão do pregão – composto por uma mesa principal e setenta cadeiras – onde eram realizadas as negociações que determinavam as cotações diárias das sacas de café.
No mesmo espaço, o público tem a oportunidade de admirar as telas “O Porto de Santos em 1822”, “A Fundação da Vila de Santos – 1545”, “O Porto de Santos em 1922” e o vitral “A Epopeia dos Bandeirantes”, obras de Benedicto Calixto.
MUSEU PELÉ E OS CASARÕES DO VALONGO – Instalado após reconstrução dos antigos Casarões do Valongo (a maior edificação paulista em sua época), o Museu Pelé apresenta a trajetória de Edson Arantes do Nascimento, o Rei do Futebol. Nos 4.134m² do museu, o público também aprecia áudios, filmes, fotos e textos sobre a história de Pelé. Em seu contexto histórico, os próprios casarões são uma atração à parte, considerando que o primeiro prédio foi erguido em 1867 para abrigar a sede do governo da Província de São Paulo, que seria transferida para Santos – mas isso não aconteceu. O segundo data de 1872. De estilo neoclássico, os imóveis sediaram, ao longo dos anos, a Prefeitura e a Câmara, e abrigaram a primeira faculdade de Farmácia e Odontologia da cidade. Em 1985, um incêndio destruiu um dos prédios, sinistro que atingiu o outro em 1992 – por décadas ficaram em ruínas. Após quatro anos de obras, que reconstruiu a fachada original, volumetria e acabamentos, o edifício foi inaugurado em junho de 2014, com modernas instalações no espaço interno.
DESAFIOS PARA A EXPLORAÇÃO – A Temporada de Cruzeiros 2021/2022 começou no último dia 5, e com ela, a expectativa de que a riqueza cultural e histórica possa vir a ser melhor explorada pelos milhares de turistas que chegam em seus navios. Segundo a prefeitura, tanto o Museu Pelé e o Bonde turístico como o Museu do Café vão funcionar nas segundas-feiras em que houver escalas de navios de cruzeiro no Terminal Marítimo de Passageiros para um maior atendimento da demanda de turistas até o mês de abril. No entanto, ano após ano, a sensação que fica é que a exploração com esse público poderia ser muito maior do que de fato ocorre. O que estaria faltando? Divulgação? Logística Adequado? Treinamento aos colaboradores e parceiros? O que poderia ser feito para melhorar a integração do turismo histórico das nove cidades, e uma exploração mais inteligente destes equipamentos em âmbito regional?
Em tal contexto, é possível afirmar que a maior parte da população regional ou até local conhece a riqueza cultural e histórica de nossa cidade? Quais iniciativas poderiam ser adotadas pela sociedade civil e empresarial para melhorar o sistema de financiamento de nossos museus e equipamentos culturais? Para refletir sobre esse tema, o Protagonismo Regional em Debate realizado em parceria com o DL abordou no programa de 15 de novembro, o tema: TURISMO HISTÓRICO. Os Desafios para a Exploração dos Museus da Região. Que recebeu como convidados: Marcela Rezek – Coordenadora Técnica do Museu do Café; Paulo Gonzalez Monteiro – Diretor do Museu Pelé, Ex-presidente do Inst. Histórico e Geográfico de Santos; José Luís Blanco Lorenzo – Vice–Presidente do Conselho de Turismo de Santos (COMTUR)
Confira o Programa Completo
SOBRE O PROGRAMA
O programa Protagonismo Regional em Debate, produzido pela equipe de comunicação do Protagonismo Cidadão, teve seu primeiro programa veiculado em 30 de maio de 2020, e conta com a participação de especialistas e lideranças de setores diversos. Com duração de 60 minutos as entrevistas e debates são pautados na identidade e vocações econômicas da região.
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico da região no cenário nacional, através da melhor exploração de suas vocações. A criação de uma cultura de participação proativa da sociedade sobre temas ainda restritos à autoridades públicas, políticos, e lideranças empresariais.
CANAIS DE TRANSMISSÃO
O programa tem apostado em estratégias multi-plataforma de redes sociais – nos canais do Youtube, Facebook e Instagram Protagonismo Cidadão e Diário do Litoral, com apresentação e condução das entrevistas feitas por Sérgio França Coelho e Lucia Helena Cordeiro, ambos, fundadores e membros da coordenação do Protagonismo Cidadão.
SOBRE OS CONVIDADOS
MARCELA REZEK – Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica de Santos, e MRRP em Patrimônio Cultural pela Universidade de Alcalá de Henares. Atua na preservação do patrimônio cultural desde 2000, no desenvolvimento de projetos de restauração e reabilitação de edifícios históricos, depois como Coordenadora de Arquivos e Centro Culturais da Mitra Diocesana de Santos, e Vice-presidente do Museu de Arte Sacra de Santos. Em 2012 assumiu a Coordenação Técnica do Museu do Café.
PAULO GONZALEZ MONTEIRO – Engenheiro, pesquisador, atua na área de turismo desde 2005. Foi coordenador do Orquidário Municipal de Santos e atualmente é diretor do Museu Pelé. Ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, membro-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, diretor do Centro Espanhol de Santos, fundador e vice-presidente da Associação Brasileira de Preservação da Memória dos Transportes – MemoTransp.
JOSÉ LUÍS BLANCO LORENZO, Vice Presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), Professor e Administrador de Empresas, Diretor da Central de Fretes e Receptivo
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