29 de julho de 2024
A organização física e social dos territórios centrais em grandes cidades é uma demanda em que a sociedade precisa voltar seus olhos, e sem hipocrisias. Eixo temático do primeiro encontro da Etapa Paulista do Fórum Brasil de Segurança Municipal, organizado pelo Protagonismo Cidadão, a segurança dos territórios é parte fundamental para qualquer atividade econômica, e muito mais para o turismo cultural.
No caso específico da cidade de São Paulo, reconheçamos que, até cinquenta anos atrás, as pessoas moravam nas zonas norte-sul-leste-oeste da Capital, e procuravam o centro para trabalhar, resolver problemas burocráticos e bancários, empreender negócios, passear em locais agradáveis e tomar contato com a boa cultura! Era normal dizerem: – “Hoje, eu preciso ir à cidade!” – mas era o centro de São Paulo! Naturalmente, muitas famílias moravam ali, porque economizavam no transporte, era de sua tradição, ou porque era chique! Tanto faz! Nenhuma dessas era a maior aptidão da região!
De fato, o centro propiciava a (RE)UNIÃO das pessoas, com muita qualidade! Os vendedores e os clientes, as autoridades e os cidadãos, os melhores cozinheiros e “bons de prato”, os religiosos e os fiéis, os médicos e os pacientes, as famílias e as praças, e os artistas e o público se encontravam para produzir vida, cultura, desenvolvimento social e econômico!
Nos últimos anos, a qualidade se perdeu, e as vicissitudes se estabeleceram! Não que esses bons encontros tenham deixado de existir, e este Fórum é uma marca de esperança, de que as coisas podem (e precisam) mudar, novamente!
Mas hoje, com o centro depauperado, é muito mais comum a dor se encontrar com a tristeza, a droga com o dependente, o agressor com a vítima, o abusador com o vulnerável, a sujeira com as ruas e praças, o abandono com as famílias, a doença com a população, e a pobreza com quem perdeu a esperança!
O FÓRUM BRASIL DE TURISMO CULTURAL é uma de milhares de iniciativas que precisam se somar para que o Centro Histórico de São Paulo seja RETOMADO, e novamente se constitua em uma região de bem-estar, para todos os grupos sociais, na nossa cidade!
Isso apenas será possível com a compreensão de que a situação real é absolutamente COMPLEXA, e de que NÃO há solução simples para o resgate do espaço público, como ambiente ordenado de negócios, cultura, lazer e de convivência saudável!
Assim, a transformação exige (RE)UNIÃO (uma nova união)!
Governos (do Município, do Estado e da Federação), órgãos públicos (de assistência social, saúde, segurança, transporte e meio ambiente), universidades, entidades do terceiro setor, investidores privados, empreendedores vocacionados com a legalidade, cidadãos-residentes e famílias de pessoas abandonadas precisam dar as mãos e trabalharem pesado em nome de um futuro diferente do que se apresenta!
Uma ciência da complexidade, transdisciplinar, que envolva diversas intervenções, políticas públicas paralelamente planejadas e aplicadas, alinhadas de maneira a cercar os processos que fizeram a estrutura social do centro ruir, imprescinde do engajamento que rogamos enquanto sociedade! Não é hora de discursos, mas de projetos concatenados e, na linguagem cultural – LUZ, CÂMERA E AÇÃO!
A pobreza social abriu as portas para que o crime organizado se alastrasse, a Cracolândia se expande, os indicadores criminais fogem ao controle das forças policiais, porque nossas ações, enquanto sociedade sempre assumiram visões unidimensionais, quando a realidade é MULTIDIMENSIONAL!
Precisamos da cidade inteligente, que compreenda a si própria, e que seja permeável às mudanças positivas, na mesma medida em que seja dura para com as usurpações constantes da ordem!
Precisamos de interlocução entre esses atores, para que erijamos um mantra pelo resgate da qualidade de vida neste espaço tão bonito da nossa São Paulo, e que ele nos lembre todos os dias da importância da educação, da limpeza pública, do respeito para com o próximo, do valor no cumprimento das normas, e da essencialidade de diminuir as diferenças entre as pessoas!
Por isso, precisamos conceber pesquisas científicas vocacionadas ao esse objeto, para que possamos atuar no resgate de pessoas, de famílias e do espaço público onde NÃO convivemos com qualidade! Não há qualidade vida real, quando o nosso próximo passa fome ou se droga compulsivamente, na doença da dependência!
Como discorrer sobre a CULTURA no centro histórico de São Paulo, se o vigente se IMPÕE? Sim, CULTURA é IMPÉRIO! Ela é dotada de rigor que molda o comportamento e a visão das pessoas! Como ir a pé da Praça da República à Sala São Paulo e não sentir medo do espaço e das pessoas, ou tanto, asco quanto à sujeira e depredação dos espaços públicos? Como passear à noite na rua São Bento ou levar as crianças para brincar no Vale do Anhangabaú?
Somos culturalmente obrigados a sentir esse medo e asco, ainda que não haja perigo! Somos impulsionados a esquecer a história dos museus, os cantos e interpretações dos teatros, as comidas maravilhosas dos restaurantes, as baladas mais legais do centro de São Paulo, diante dos fatores que gritam mais alto! Isso é imposição cultural em razão da realidade de que precisamos mudar muito, e de que ainda nos falta muito a fazer para que enfrentarmos as mazelas que estão no porvir!
PREVENÇÃO DE CRIMES USANDO O DESIGN DO AMBIENTE – A sigla CPTED, (crime prevention through environmental design, também conhecido como Designing out crime, coloca como foco a ideia que é possível usar o design urbano para reduzir as oportunidades de crimes. Para o Arquiteto Percival Barboza, Presidente da CPTED Safe Cities Brasil, a Segurança Urbana é o principal fator para o desenvolvimento civilizado e sustentável das cidades. “A insegurança agrava desigualdades entre os territórios das cidades, a degradação de áreas urbanas, inibe investimentos e causa desinvestimentos, reduz a empregabilidade, distorce as funções dos espaços públicos, causa desmoralização da lei e da autoridade pública, e especialmente afasta os cidadãos de suas próprias cidades, bairros e vilas”. O especialista afirma ainda que “a insegurança corrói as possibilidades da civilização”.
O CPTED trabalha para a recuperação de áreas urbanas. Trabalha para que a configuração dos espaços públicos e privados favoreçam os relacionamentos e conexões positivas entre as pessoas, que ao final, desenvolvem entre si relações de confiança, fundamentais para a sua segurança.
Um dos aspectos mais abordados pelo CPTED é a separação clara entre o que é público e privado, o que gera responsabilidades definidas, sentido de identidade e pertencimento nos cidadãos em relação aos seus espaços de convivência e sobre as possibilidades de colaboração. A Segurança Urbana vivemos a era da localidade e da cooperação.
INICIATIVAS – O projeto de revitalização de Marselha (França), que na década de 90 apresentava mais de 20% de desemprego, pobreza e violência, conseguiu a partir da renovação de região portuária, atrair a criação de polos culturais e escritórios, a geração de 20 mil empregos, investimentos públicos e privados e o desenvolvimento econômico e social da população.
A cidade de São Paulo passa para um momento de mobilização da sociedade civil e do próprio setor público para a recuperação de seu Centro Histórico, que tem anunciado diversos programas de incentivo para reocupação ordenada daquele região.
Para Stephanie Glória, diretora de projetos culturais e eventos da Movecentro SP, um olhar sobre a ocupação inteligente destes territórios e suas explorações sustentáveis, tanto urbanísticas quanto econômicas, são fundamentais para sua recuperação. “Considerando a vocação do território central, estas estratégias se tornam fundamentais”. Em sua palestra no 2° Encontro do Fórum Brasil em São Paulo, Gloria chamou a atenção para a necessidade do envolvimento e participação da comunidade de produtores culturais nestas discussões.
Neste sentido, é possível afirmar que o caráter interdisciplinar é a base de um projeto de recuperação urbana do centro histórico? Os setores privados já compreenderam esse caráter? E na área pública? As diferentes secretarias estão abertas a essa integração? Considerando que a vigilância natural (população circulante) é fundamental para o aumento da percepção de segurança, quais ações devem ocorrer primeiro? A atração de eventos culturais ao centro ou o aumento de policiais e vigilantes? No contexto das cidades inteligentes, como estas estratégias podem se relacionar, considerando que muitos eventos (tanto culturais como criminais) já são organizados através de plataformas digitais? Quais são os DESAFIOS que teremos que enfrentar nos anos vindouros para que tenhamos um território central devolvido para a sociedade?
Para refletir sobre esse tema, o painel INOVATEC, promove no programa de 29 de julho, a partir das 20h, o debate: SEGURANÇA E SOCIEDADE | A Quem Pertence o Espaço Público? Que terá como convidados: Percival Barboza| Presidente CPTED Safe Cities Brasil; Stephanie Glória | diretora de projetos culturais e eventos da Movecentro SP e comentários de Daniel Coelho | Especialista em Sistemas Eletrônicos de Segurança;
Assista o programa completo
SOBRE OS CONVIDADOS
PERCIVAL BARBOZA Arquiteto da Segurança | CEO PB+A Essential Consultancy, Fundador do movimento CPTED SAFE CITIES BRASIL
STEPHANIE GLÓRIA | Advogada desde 2013, desenvolveu seu projeto de pesquisa sobre Direito do Entretenimento no Brasil. Especializou-se em Gestão Cultural em 2017. Iniciou sua carreira na produção cultural em 2011 como estagiária de produção, onde desenvolveu este trabalho para pequenas e grandes iniciativas. Trabalhou como assistente na Secretaria de Cultura de Olinda/PE e como coordenadora do segundo maior polo do carnaval do Recife, palco do Arsenal da Marinha.
Desenvolve o trabalho de booker e produção executiva desde 2016 junto a artistas e grupos das áreas da música, teatro e artes visuais. Também compõem o rol de atividades desempenhadas o serviço de programação de espaços culturais, elaboração de projetos e consultoria técnica.
Ministra palestras e mentorias acerca do tema elaboração de projetos, leis de incentivo e produção. Faz parte da rede de estudos de futuro e novas economias é consultora certificada pela ABRACEM.
diretora de projetos culturais e eventos da Movecentro SP
DANIEL CÉSAR COELHO JR | Advogado, Auditor pela FCAV/USP, Pós-Graduado em Gestão Pública pela PUC – Campinas/SP. MBA – em Gestão Estratégica pela USP (em curso). Consultor Jurídico em Sistemas Eletrônicos de Segurança. Especialista em Vídeo Proteção Pública e Privada. Coautor da primeira Norma de Gestão do Segmento de Sistemas Eletrônicos de Segurança – ABESE. Consultor do Centro de Capacitação Profissional da ABESE. Coordenou sete edições do Congresso Internacional de Segurança Eletrônica – CIS. Coordenador do Fórum de Monitoramento de Cidades Atualmente é Consultor Executivo em Sistemas de Segurança, Coordenador do Comitê Técnico de Monitoramento Público, Pesquisador e Professor convidado do Instituto de IPECS – Santos/SP.
SOBRE O PROGRAMA
O Portal Protagonismo Cidadão é uma rede formada por empresários e representantes da comunidade acadêmica e do terceiro setor, fundada com objetivo de apoiar a iniciativa cidadã como verdadeira protagonista do desenvolvimento da sociedade. Uma iniciativa não governamental e apartidária, que se autodefine como uma tríade de propósitos: Uma visão, um selo e um canal de informação. Ou uma Plataforma de Conteúdo, um Clube de Negócios e um Canal de Comunicação.
ENTREVISTAS E DEBATES SOBRE A REGIÃO
O programa Protagonismo Regional em Debate é uma produção da equipe de comunicação da Portal Protagonismo Cidadão em parceria com os estúdios Telavip Digital e teve seu primeiro programa veiculado em 30 de maio de 2020. Com duração de 60 minutos, as entrevistas e debates com especialistas e lideranças de setores diversos são pautadas na identidade e vocações econômicas da região. As transmissões são feitas pelas plataformas digitais da internet (Lives), com apresentação e condução das entrevistas feitas por Sérgio França Coelho e Lúcia Helena Cordeiro, consultores organizacionais e fundadores do Protagonismo Cidadão.
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico da região no cenário nacional, através da melhor exploração de suas vocações, e na criação de uma cultura de participação mais proativa da sociedade sobre temas ainda hoje circunscritos às áreas política, empresarial e estatal.
CANAIS DE TRANSMISSÃO
Para atingir estes propósitos, este projeto tem apostado em estratégias multiplataformas de redes sociais (canais do Youtube, Facebook e Instagram do Protagonismo Cidadão e do jornal Diário do Litoral), utilizando linguagem atraente a diferentes públicos, mas com foco especial no público de 35 a 55 anos, disposto ao debate crítico quanto aos desafios da vida nas cidades.