“A centralização do sistema portuário no governo federal a partir de 2013, foi um sensível retrocesso na relação Porto-cidade, que já foi bastante apaixonada. Hoje, está morna.
Adilson Gonçalves
RELACIONAMENTO DA CIDADE COM O PORTO
Para o engenheiro e professor universitário Adilson Luiz Gonçalves, a “relação de amor da cidade com o Porto está morna”. Para justificar essa afirmação, Gonçalves apresentou uma linha do tempo de fatos que comprovam que a relação já foi melhor.
Segundo o engenheiro, a secretaria de assuntos portuários de Santos foi a primeira a ser criada por um governo municipal no país (2005). Período que coincide com caráter deliberativo do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), e com a ocupação por duas gestões, de um secretario local em sua presidência. Gonçalves entende que a relação harmoniosa da época (2005 a 2012), foram fundamentais para a elaboração conjunta do projeto de revitalização do Valongo, através da ocupação dos armazéns 1 ao 8, e que acabaram não sendo concretizados.
O especialista destacou que a relação porto-cidade em Santos já foi referência nacional tanto em razão destes projetos como em razão da criação do Centro de Excelência Portuária (CENEP). Ele argumenta que esta relação, no entanto, esfriou a partir de 2013, com a aprovação da lei federal 12.815
“Foram bons tempos, mas a centralização do sistema portuário no governo federal a partir de 2013 foi um sensível retrocesso na relação Porto-cidade, que já foi bastante apaixonada. Hoje, está morna”. Afirmou
“O relacionamento harmonioso da época (2005 a 2012), foram fundamentais para a elaboração conjunta do projeto de revitalização do Valongo, através da ocupação dos armazéns 1 ao 8, e que acabaram não sendo concretizados”.
Adilson Gonçalves
VOCAÇÃO ECONOMICA
O consultor em logística Hélio Halite foi enfático ao afirmar, que o que salvará a economia regional e até do estado neste período pós pandemia será o Porto, o comercio e navios. “Neste momento nós não temos a pujança do polo industrial de Cubatão. Enquanto os aviões pararam de pousar e decolar, a atividade portuária se incrementou. Nós tivemos mais trocas comerciais, pois o mundo comprou mais alimentos do Brasil e nós compramos mais insumos. O Porto vai salvar a economia regional, a nossa maior vocação”. Halite ratificou a ideia de que as cidades da região estão de costas para o Porto. “Esse é um capitulo que precisa ser recuperado, tem muita coisa a ser feita, muitos gargalos a enfrentar” destacou.
“Neste momento nós não temos a pujança do polo industrial de Cubatão. Enquanto os aviões pararam de pousar e decolar, a atividade portuária se incrementou. Nós tivemos mais trocas comerciais, pois o mundo comprou mais alimentos do Brasil e nós compramos mais insumos.
Hélio Halite
O especialista também chamou a atenção para o momento de virado de página na história do Porto, ao fato de que a simples mudança da marca, (de CODESP passou a se chamar Santos Port Authority – Autoridade Portuária de Santos) reposicionando o porto no cenário internacional.
“O polo petroquímico de Cubatão e o Porto de Santos foram os dois grandes polos de riqueza impulsionadores de nossa economia”
Ronaldo Ferreira
IMPORTANCIA NO PASSADO. PREOCUPAÇÃO COM O FUTURO
Para o advogado e analista político Ronaldo Ferreira, o porto está no coração do santista, pois a sociedade local sabe que a história das famílias e a riqueza da cidade passam pela história do porto. “O polo petroquímico de Cubatão e o Porto de Santos foram os dois grandes polos de riqueza impulsionadores de nossa economia”. Estes empregos foram responsáveis por alimentar toda a cadeia econômica regional por muito tempo”
Ferreira alertou para o esvaziamento dos empregos no Polo de Cubatão, especialmente na USIMINAS, o que aumentará ainda mais a importância do porto de Santos na economia regional. “Em 2015 a USIMINAS tinha algo em torno de 15 mil trabalhadores. Atualmente são 3 mil, e uma a expectativa de mil novas demissões no próximos meses”. Destacou.
Ferreira lamentou o retrocesso que atingiu o porto com a retirada do poder deliberativo do CAP, citada por Gonçalves e por Halite quanto a manutenção das atividades portuárias durante a crise. Ao longo do programa Ferreira atacou a baixa efetividade da representação política da região em relação ao Porto; Para o advogado e analista político, essa baixa efetividade foi decisiva para que a região tenha perdido os investimentos necessários para resolver seus gargalos. “Nós recebemos muitos menos do que deveríamos pela riqueza que produzimos, e só ação politica pode resolver isso” disparou.
Assista ao programa completo
O live Protagonismo Regional em Debate, promovido e organizado pelo Movimento Protagonismo Cidadão é transmitido pelo Youtube, Facebook e Instagram todas as segundas feiras, a partir das 19h30h.
Convidados deste programa 13 de julho de 2020
Adilson Luiz Gonçalves – Engenheiro e professor universitário
Ronaldo Ferreira – Advogado, Professor e Analista Politico
Hélio Halite – Consultor em Logística e professor universitário
Apresentação – Sergio França Coelho
CONTEXTUALIZAÇÃO
Com um orçamento anual de mais de 3,5 bilhões de reais, Santos é a sede administrativa da Baixada Santista. Do escritório de negócios da Petrobrás para o pré-sal, e de um dos maiores complexos portuários do mundo, que detém sozinho, 40% do movimento nacional de contêineres, além de um polo regional de turismo de negócios.
Aqui estão sediados também, os principais hospitais da região, um Polo Universitário com 11 entidades de ensino superior, centros de comércio e construção civil, destacando-se ainda, que o segmento de serviços da cidade representa quase 70% dos empregos totais de toda a região.
Apesar deste números, a cidade e a própria região vem perdendo relevância no cenário nacional e pouco ou quase nenhum protagonismo nas decisões político-estratégico nas decisões sobre nosso futuro.
No último sábado (11) o site do Movimento Protagonismo Cidadão publicou artigo do colunista, engenheiro e professor Adilson Gonçalves com o título: Amar o Porto e a Cidade, que propõe uma reflexão sobre os desafios de se harmonizar as dinâmicas de desenvolvimento e produtividade deste Gigante chamado Porto de Santos com a própria cidade.
Mais uma tentativa de levantar uma discussão antiga, mas ainda distante do cotidiano das pessoas. Afinal, quais as principais barreiras que impedem uma relação mais harmoniosa do porto com sua cidade? É possível compatibilizar crescimento e aumento de produtividade com sustentabilidade ambiental, menor impacto urbano e geração de emprego e renda para a comunidade local?
E é sobre estes desafios que envolvem a integração das cidades da região com o porto, seu potencial de geração de emprego e distribuição de renda, nossa representatividade no cenário político e econômico do estado e do país, e seus impactos na qualidade de vida das pessoas que vivem aqui, que conversamos nesta noite com nossos convidados