No século XVI, quando os primeiros europeus chegaram ao litoral sul fluminense, a região de Paraty era habitada pela tribo tupi dos tamoios. Nos primeiros anos do século XVI, os portugueses já conheciam a trilha aberta pelos Guaianás, ligando as praias de Paraty ao vale do Paraíba. O primeiro registro escrito sobre a região da atual Paraty é o livro do mercenário alemão Hans Staden, “História verdadeira e descrição de um país de selvagens…” (Marburgo, 1557), que narra a estadia deste por quase um ano em aldeias Tupinambás nas regiões de Paraty e de Angra dos Reis.
Embora alguns autores pretendam que a fundação de Paraty remonte à primeira metade do século XVI, quando da passagem da expedição de Martim Afonso de Sousa, a primeira notícia que se tem do povoado é a da passagem da expedição de Martim Correia de Sá, em 1597. À época, a região encontrava-se compreendida na Capitania de São Vicente. O núcleo de povoamento europeu iniciou-se no morro situado à margem do rio Perequê-Açu (depois Morro da Vila Velha, atual Morro do Forte). A primeira construção de que se tem notícia é a de uma capela, sob a invocação de São Roque, então padroeiro da povoação, na encosta do morro. O aldeamento dos Guaianás localizava-se à beira-mar.
Em 1636, Maria Jácome de Melo fez a doação de uma sesmaria na área situada entre os rios Perequê-açu e Patitiba (atual rio Mateus Nunes) para a instalação do povoado que crescia, com as condições de que os indígenas locais não fossem molestados e de que fosse erigida uma nova capela, sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios. Essa sesmaria corresponde à região do atual Centro Histórico da cidade.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA – A partir de 1664 várias comunidades se registraram entre os moradores, visando tornar a povoação independente da vizinha Angra dos Reis, o que veio a ocorrer em 1670, como fruto da revolta liderada por Domingos Gonçalves de Abreu, vindo o povoado a ser alçado à categoria de vila. Este ato de comunidade foi reconhecido por Afonso V de Portugal, que, por Carta Régia de 28 de fevereiro de 1677 ratificou o ato dando-lhe o nome de “Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty”.
O CICLO DO OURO – Com a descoberta de ouro pelos paulistas na Capitania de São Vicente (na atual região de Minas Gerais), a dinâmica de Paraty ganhou novo impulso já que a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro por esse motivo. Em 1702, o governador da capitania do Rio de Janeiro determinou que as mercadorias somente poderiam ingressar na Colônia pela cidade do Rio de Janeiro e daí tomar o rumo de Paraty, de onde seguiriam para as Minas Gerais pela antiga trilha indígena, agora pavimentada com pedras irregulares, que passou a ser conhecida por Caminho do Ouro.
A partir do século XVII registra-se o incremento no cultivo de cana-de-açúcar e a produção de aguardente. No século XVIII o número de engenhos ascendia a 250, registrando-se, em 1820, 150 destilarias em atividade. A produção era tão elevada que a expressão “Parati” passou a ser sinônimo de cachaça, produção artesanal que perdura até aos nossos dias.
O SÉCULO XIX E O CICLO DO CAFÉ – Para burlar a proibição ao tráfico de escravos decretada pelo regente Padre Diogo Antônio Feijó, o desembarque de africanos passa a ser feito em Paraty. As rotas, por onde antes circulava o ouro, passaram então a ser usadas para o tráfico e para o escoamento da produção cafeeira do vale do Paraíba, que então se iniciava. À época do Segundo Reinado, um Decreto-lei de 1844, do imperador Pedro II do Brasil, elevou a antiga vila a cidade. Com a chegada da ferrovia a Barra do Piraí (1864) a produção passou a ser escoada por ela, condenando Paraty a um longo período de decadência.
CIDADE HISTÓRICA – A cidade e o seu patrimônio foram preservados e reconhecidos como Patrimônio brasileiro, sendo o núcleo urbano colonial e seu conjunto arquitetônico acautelados pela legislação federal de proteção do patrimônio cultural – lei de tombamento, e redescobertos em 1964, com a reabertura da estrada que a ligava ao estado de São Paulo – a Paraty-Cunha -, vindo a constituir-se em um polo de atração turística. Desse modo, em 1958, o conjunto histórico de Paraty foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O movimento turístico intensificou-se com a abertura da Rio-Santos (BR-101) em 1973.
O QUE EXPERIENCIAS ENSINAM – Hoje Paraty é o segundo polo turístico do estado do Rio de Janeiro e o 17º do país. O jornal The New York Times, destacou a cidade como destino cultural mais rico da Costa Verde. Foi uma das poucas cidades que não são capital de estado a receber a tocha dos Jogos Pan-americanos de 2007 nos dias que antecederam os jogos. Diante de todo esse contexto, é possível afirmar que Paraty venceu o desafio de preservar sua cultura e história mesmo diante das contradições dos tempos atuais? Quais são as vantagens e desvantagens de ser uma cidade patrimônio? Quais Problemas e incentivos? Qual é o perfil de turista que visita uma cidade como Paraty? O que ele espera?
Quais as melhores estratégias e práticas para manter esse público? A preservação em Paraty une o turismo histórico-cultural ao turismo de experiencia? Como o turismo ecológico e de aventura se encaixam nestas estratégias?
As comunidades locais abraçam esse turismo como atividade econômica importante para os moradores locais? Os setores público e privado estão em sintonia com suas iniciativas? As instituições de ensino (públicas e privadas) estão participando dessa discussão?
Quais casos de sucesso de outras regiões poderiam ser trazidos para essa discussão? Podemos continuar afirmando que o turismo é a grande redenção da economia nacional? Para refletir sobre esse tema, o painel AGENDA TURISMO do Protagonismo Regional em Debate promove no programa do próximo dia 15 de maio, a partir das 20h, o debate: DESAFIOS DAS CIDADES HISTÓRICAS | Paraty. Que terá como convidados: Marcos Paulo Coutinho| Secretário de turismo de Paraty; Elizabeth Correia | Arquiteta, ex-coordenadora do DADETUR SP e Carla Franco | Publicitaria
SOBRE OS CONVIDADOS
MARCOS PAULO COUTINHO| Graduado em gestão Pública, é o atual Secretário de turismo de Paraty
CARLA FRANCO | Gestora de comunicação, Publicidade e Marketing, com atuação na área de vendas e assessoria de mkt para empresas. Produtora de vídeos, artes e textos para redes sociais.
ELIZABETH CORREIA | Arquiteta, Foi Secretária de Planejamento de São Vicente; Coordenadora do Departamento de Apoio e Desenvolvimento às Estância (DADE) da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, hoje DADETUR; Coordenadora de Ensino Superior do Estado de São Paulo; Subsecretária de Ciência, Tecnologia e Inovação na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo; Atualmente está na Secretaria de Habitação de São Vicente. Participando de grupos de trabalhos na área de Turismo, Geração de Empregos entre outros.
SOBRE O PROGRAMA
A Plataforma Protagonismo Cidadão, iniciativa não governamental e apartidária, é uma rede apoiada por empresas, comunidade acadêmica e terceiro setor, fundada com objetivo de apoiar a iniciativa cidadã como verdadeira protagonista do desenvolvimento da sociedade. Nossa plataforma se autodefine como uma visão, selo e canal de informação. Uma Plataforma de Conteúdo, um Clube de Negócios e um Canal de Comunicação.
ENTREVISTAS E DEBATES SOBRE A REGIÃO
O programa Protagonismo Regional em Debate é uma produção da equipe de comunicação da Plataforma Protagonismo Cidadão em parceria com os estúdios Telavip Digital e teve seu primeiro programa veiculado em 30 de maio de 2020.
Com duração de 60 minutos, as entrevistas e debates com especialistas e lideranças de setores diversos são pautadas na identidade e vocações econômicas da região. As transmissões são feitas ao vivo pelas plataformas digitais da internet (Lives), com apresentação e condução das entrevistas feitas por Sérgio França Coelho e Lúcia Helena Cordeiro, consultores organizacionais e fundadores do Protagonismo Cidadão.
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico da região no cenário nacional, através da melhor exploração de suas vocações, e na criação de uma cultura de participação mais proativa da sociedade sobre temas ainda hoje circunscritos às áreas política, empresarial e estatal.
Assista o programa completo