Política X Políticos – por Lúcia Helena Cordeiro*

Etimologicamente, Política quer dizer: “ciência ou arte de governar povos”. Originada do grego, a palavra “Política” deriva de “polis”, cidade, entendida como comunidade organizada, isto é, pelos homens nascidos no solo da cidade, livres e iguais.

A polis grega possuía uma configuração espacial própria: normalmente ficava justaposta ou circundava a Acrópole (parte alta da cidade, destinada aos Templos) e possuía um espaço central público, público literal e por excelência, destinado à prática da Democracia, onde todos os cidadãos tinham igual voz.

Tal espaço, denominado de “Ágora”, era o verdadeiro espaço de discussão, de diálogo e de debate político, o lugar onde se decidia sobre aquilo que era comum e dizia respeito a todos.

Quem se recusava a debater os problemas da polis ou deixava que outros decidissem seus destinos eram denominados de “idiotés” (idiota).

Os que buscavam soluções para problemas da comunidade, preocupando-se com melhorias que beneficiassem a todos os habitantes da polis, eram chamados de “politikós” (políticos).

Platão dizia que o verdadeiro político deveria ser um homem sábio, um pensador, aquele que não somente seria capaz de realizar obras exteriores, mas, sobretudo se preocupar com a espiritualização dos homens.

Para Aristóteles, o Estado deveria promover, antes de tudo, o bem espiritual dos cidadãos, educá-los para a virtude e ocupar-se com o seu bem estar material apenas como instrumento de evolução.

Nem Platão nem Aristóteles eram favoráveis à democracia plena, isto é, a extensão da cidadania à totalidade dos homens livres da sociedade da época e sim, àqueles preparados para uma eficaz gestão das coisas públicas.

Quando perguntavam a Platão sobre quem devia exercer a política respondia que, aqueles cidadãos modelados, predominantemente, pela Razão (logos), para sobrepor ao que chamava de “pessoas guiadas pelo calor das emoções”.

Para ele, o governante máximo dessa “sociedade que buscava a perfeição” seria um rei filósofo, assentado na razão, conforme citado em sua obra “A República” (Politéia). Acreditava que somente este estava próximo da essência dos conceitos do Bem, do Bom, do  Belo e do Justo, ideais que deveriam permear as ações de um governante. Afirmava ainda que, os grandes pilares dessa forma de governo seria a Educação (Paidéia) e a Justiça (Dikê).

Que tais proposições nos conduzam às reflexões profundas sobre o ato de votar.

Neste ano de 2020, teremos a oportunidade de exercitar mais uma vez  nosso livre-arbítrio, através do voto, para Prefeitos e Vereadores devendo, portanto, fazê-lo de forma consciente, outorgando poder para aqueles que, após pesquisa de sua vida e comportamentos pregressos, possam legitimar os nobres anseios da população santista.

Afinal, somos ou não agentes de transformação?

Ou provocamos as mudanças que se fazem necessárias ou teremos que nos submeter àquelas que nos impõem homens sem grande sabedoria.

Vamos nos dar e dar à nossa “polis” esta chance?

Vale a pena finalizar citando o Professor e Teósofo Henrique José de Souza, que ao debater política ensinava: “Só se serve a Deus, servindo a Humanidade”, conclamando a todos a exercitarem o direito legítimo do voto.

Saber escolher: Eis a nossa nobre missão como dignos representantes da raça humana.