PINACOTECA BENEDICTO CALIXTO | Quem realmente conhece a sua história?

18 de outubro de 2021

A cidade de Santos foi palco de grandes transformações urbanas e sociais no início do século XX, ocasionadas pela comercialização do principal produto de exportação no período, o café. Modificações iniciadas na segunda metade do século XIX com grandes investimentos no município, tais como a inauguração da ferrovia Santos-Jundiaí, em 1867 e a abertura do porto organizado, em 1892, influenciam a reformulação do traçado urbano, acrescido de um aumento populacional, principalmente de imigrantes.

O conjunto de empreendimentos que instigaram a expansão espacial iniciou uma nova dinâmica urbana, levando a formação de novos bairros, onde muitas das famílias abastadas que residiam no centro da cidade mudam-se nas primeiras décadas do século XX, para a região das praias em busca de uma melhor qualidade de vida, estabelecendo um novo eixo de ligação – Centro – Praia da Barra, hoje, bairro do Boqueirão.

HISTÓRIA DO CASARÃO Dentre as diversas famílias está a de Anton Carl Dick, alemão, proprietário do curtume na região, que por volta de 1908, constrói, em um terreno de 6.600 m2, no nº 12 da antiga Avenida da Barra, à beira mar, sua residência, na qual vive por três anos. Vende, em 1911, para Francisco da Costa Pires, português, exportador de café, que mora com sua a família até 1913, quando precisa comercializar o imóvel por motivos financeiros.

 

 

Em seguida, a casa é ocupada pelo Asilo dos Inválidos, que permanece no casarão por um período de oito anos. No ano de 1921, Pires readquire o Casarão, reformando-o inteiramente, passando a casa a ter aparência e a forma atual. Foram dois anos de remodelação, empregando elementos ornamentais em estilo art nouveau, mármore Carrara na escadaria, ferro maciço nos corrimões, vitrais no alpendre e na varanda das salas, executados pela Casa Conrado de São Paulo, pinturas decorativas, e na parte externa, jardins em estilo francês, com bancos, pérgolas e uma fonte decorativa na lateral direita da casa.

DA DECADENCIA AO RENASCIMENTO – Entre 1923 a 1935, foi um período de pujança, porém 1936 a residência é vendida para Companhia Sul América de Capitalização, e transforma-se, por dois anos, em pensionato para moças. Posteriormente é adquirida pelo sr. Antonio Canero, espanhol que enriquecera com negócio de ferro velho. A família reside até 1978, neste interím falece o sr. Canero, levando à divergências o futuro do imóvel. A Prefeitura intervém, e em 9 de outubro de 1979, é declarada de utilidade pública para fins de desapropriação pelo prefeito Carlos Caldeira Filho, todavia não houve um consenso entre os herdeiros e a municipalidade, ocasionando o abandono do Casarão, tornando-se um cortiço, onde viveram cerca de 24 famílias.

 

 

Novamente a Prefeitura intercede e são estudadas diversas sugestões para a utilização do casarão, tais como: sede da Câmara Municipal, Balneário Municipal, sede da Secretaria de Turismo ou espaço para atividades culturais. Em 1986 decide-se que no imóvel seria instalada a Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto. Após o restauro do edifício, com as adequações necessárias para abrigar espaços expositivos e para atividades culturais, a instituição é inaugurada em 04 de abril de 1992. Em 13 de dezembro de 2012, o imóvel é tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos – CONDEPASA, por sua representatividade arquitetônica, como o último dos casarões existentes na região da época áurea do café.

Hoje a sede da Pinacoteca Benedicto Calixto, também conhecida como Casarão Branco é uma referência cultural para Santos e região.

ESTRATÉGIA DE EXPLORAÇÃO METROPOLITANA – Símbolo dos potenciais a serem explorados na região, o Casarão da Pinacoteca Benedito Calixto como equipamento de turismo histórico cultural, segundo especialistas pode estar subutilizado na região, que ainda não conseguiu avançar para uma efetiva integração das administrações públicas locais com uma exploração mais inteligente deste tipo de equipamento em âmbito regional.

 

Pintura da Ponte Pênsil, por Benedito Calixto

 

Em tal contexto, é possível afirmar que a maior parte da população regional conhece a riqueza cultural e histórica da Pinacoteca? Qual seu nível de subutilização e quais cidades da região estariam mais bem preparadas para se beneficiar de sua exploração em âmbito regional? Porque não propomos mais integração das áreas de educação com equipamentos deste natureza? Há espaços para investimento e aumento em escala para a Pinacoteca como negócio de turismo e eventos? E os profissionais e empresários do setor, como enxergam tais possibilidades?

 

 

Para refletir sobre esse tema, o Live Protagonismo Regional em Debate, em seu painel AGENDA TURISMO deste mês, promoveu no programa de 18 de outubro, o debate: PINACOTECA BENEDICTO CALIXTO – Quem realmente conhece a sua história? Que recebeu como convidados:

VANESSA RAJOMES – Jornalista e produtora, atuando há 10 anos na área cultural fomentando o mercado da Economia Criativa, Ceo do Grupo Vapa Empresa de gestão cultural, editora infanto-juvenil e atual Diretora de Relações Públicas da Pinacoteca Benedito Calixto.

PAULO GONZALEZ MONTEIRO – Engenheiro, pesquisador, atua na área de turismo desde 2005. Foi coordenador do Orquidário Municipal de Santos e atualmente é diretor do Museu Pelé. Ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, membro-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, diretor do Centro Espanhol de Santos, fundador e vice-presidente da Associação Brasileira de Preservação da Memória dos Transportes – MemoTransp.

e os comentários de JOSÉ LUÍS BLANCO LORENZO – Vice Presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), Professor e Administrador de Empresas, Diretor da Central de Fretes e Receptivo.