MANIFESTAÇÕES DE 1º DE MAIO | Como Interpretar Esse Fenômeno?

11 de maio de 2021

No último de 1 de maio, data em que se comemorou o Dia Internacional do Trabalhador, diversas capitais brasileiras registraram a ocorrência de manifestações pró-governo. Os manifestantes vestiam roupas nas cores verde e amarela e empunhavam faixas que pediam o fim da corrupção, a criminalização do comunismo, o voto impresso e proferiam ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). Os gritos de “Eu autorizo presidente” também marcaram presença em todas as manifestações, indicando um forte apoio popular a possíveis medidas de rompimento institucional pelo atual governo.

As manifestações ocorreram em pelo menos 9 capitais. Em São Paulo, os manifestantes foram para a Avenida Paulista. No Rio de Janeiro, a manifestação aconteceu na praia de Copacabana, na Avenida Atlântica, enquanto que em Brasília, apoiadores do presidente participaram de uma carreata ao longo da Esplanada dos Ministérios.

PROTESTO CONTRA O GOVERNO – Alguns veículos de imprensa noticiaram atos de protesto em paralelo as manifestações pró-governo, que ocorreram em Salvador BA, Belo Horizonte MG, Macaé RJ e Natal RN. A maioria dos veículos de imprensa minimizaram em seus editoriais as manifestações pró governo, e alguns até relacionaram os atos a uma tentativa de manipulação de massas a favor de uma ruptura institucional, com o retorno do regime militar ao governo.

Neste sentido, ainda que o cenário de polarização esteja evidenciado, é possível afirmar que o Brasil vive o protagonismo de um ativismo popular com certa consistência na base de suas reivindicações? O que poderíamos falar dos movimentos de rua de 1 de maio? Qual a agenda da sociedade? As manifestações de 1 de maio refletem a insatisfação com o modelo de democracia vigente no país? Quais o reais riscos de uma ruptura institucional e quais seriam suas consequências?

A manifestação contra o governo e a corrupção na Esplanda dos Ministérios ( Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Para refletir sobre as MANIFESTAÇÕES DE 1º DE MAIO. “Como Interpretar Esse Fenômeno?”, o Live Protagonismo Regional em Debate, em seu painel GOVERNANÇA LOCAL, recebeu no dia 10 de maio de 2021, Oscar Castelo Branco – Deputado Estadual SP; Carlos Alberto Romano, Delegado de Polícia e Professor Universitário e Lucia Helena Cordeiro – Palestrante e Consultora Organizacional.

“Foram 300 anos de colônia, 100 anos de império, e uma república repleta de percalços e governos ditatoriais. A população está ganhando consciência do seu papel de protagonista e da força que realmente tem, para através de sua própria consciência, ser agente multiplicador”

Deputado Castelo Branco

MANIQUEISMO E POLARIZAÇÃO – Em junho de 2020, o Protagonismo Regional em Debate já tratava desse tema quando debateu “MANIFESTAÇÕES DE RUA – ativismo social ou manipulação das massas?” O tema foi uma primeira tentativa de compreender esse fenômeno para além da polarização política que divide vários países no mundo. Abordamos a predominância do maniqueísmo político, como pensamento simplista que tem a reduzido questões complexas a meras relações entre opostos, como Lula x Bolsonaro, ou esquerda x direita. Um fenômeno que se acentua cada vez mais em todo mundo e não apenas no Brasil, revestido de outras narrativas, mas trazendo em si, os mesmos princípios que o criou, e com um elemento agravante. A internet.

INSATISFAÇÃO COM O REGIME – Para o Deputado estadual Oscar Castello Branco, as manifestações mostraram que a democracia brasileira, apesar de “adolescente”, começa a amadurecer. “Foram 300 anos de colônia, 100 anos de império, e uma república repleta de percalços e governos ditatoriais. A população está ganhando consciência do seu papel de protagonista e da força que realmente tem, para através de sua própria consciência, ser agente multiplicador” afirmou.

“A democracia está sofrendo uma crise em todo mundo em razão das ações de representatividade. Temos uma constituição prolixa (extensa) e um STF acumulando, além de suas funções expressas, de maneira implícita aquelas que seriam na constituição de 1824, o poder moderador do imperador”

Delegado Romano

RUPTURA INSTITUCIONAL Para o Delegado Romano os atos do dia 1 de maio mostraram pela primeira vez, a população assumindo o protagonismo no dia do trabalho no lugar dos sindicatos. As manifestações deram uma amostra de como os cidadãos comuns e suas famílias podem, e devem se manifestar de forma pacífica e ordenada, ostentando nas ruas as cores os e símbolos nacionais. Por outro lado, Romano demonstrou preocupação ao afirmar que a temida ruptura institucional já ocorreu, referindo-se aos sucessivos avanços do STF sobre seu papel constitucional. “A democracia está sofrendo uma crise em todo mundo em razão das ações de representatividade. Temos uma constituição prolixa (extensa) e um STF acumulando, além de suas funções expressas, de maneira implícita aquelas que seriam na constituição de 1824, o poder moderador do imperador” afirmou.

FUTURO E SOCIEDADE Castelo Branco acredita que o Brasil pode ser protagonista na história mundial apresentando uma alternativa a polarização presente no debate político mundial. Castelo Branco relembrou uma frase de José Henrique de Sousa, quando foi questionado sobre sua opinião em relação aos regimes comunistas e socialista. “Tentaram fazer uma pegadinha com o professor Henrique mas ele respondeu que Brasil deveria criar seu próprio regime, e realizar a transformação do país através da cultura e do caráter” afirmou.

Assista ao programa completo

O live Protagonismo Regional em Debate, promovido e organizado pelo Movimento Protagonismo Cidadão é transmitido pelo Youtube, Facebook e Instagram todas as segundas feiras, a partir das 20h.