“A velocidade da evolução tecnológica é diretamente proporcional a educação que uma sociedade tem. A tecnologia precisa de formação, e a educação continua sendo a ferramenta mais barata para erradicar a pobreza e as desigualdades sociais”.
(João Paulo Martins)

NOVOS PARADIGMAS
Para Jorge Tassi, professor universitário e co-founder da Plataforma The Mindset a sociedade mundial está em mais um momento de virada conjuntural na história. Segundo Tassi, momentos históricos, como a Reforma Protestante, o Renascimento Cultural, as Revoluções Francesa, Industrial e Comunista, como as duas Grandes Guerras, e outros, nos apresentaram um caos, enquanto humanidade. O CAOS é um momento de transformação, que modifica as regras de uma realidade (muito mais do que uma sociedade ou de um país), e nos conduziram a necessidades, ideias, condutas e, principalmente, a uma CULTURA absolutamente disruptiva e, nesse sentido, a uma humanidade diferente da que vivíamos, até então!
“Esta não é a primeira, nem será última pandemia da raça humana. A peste negra e a gripe espanhola, por exemplo, mataram milhões e milhões de pessoas, mas surgiram em momentos da história, estrutural e culturalmente tão distintos, entre si, que proporcionaram transformações sociais próprias, em velocidades incompatíveis entre si” afirma Tassi.

SOCIEDADE PÓS PANDEMIA
Para o engenheiro eletrônico e CEO da Sea software, João Paulo Martins, é certo que haverá mudanças de hábitos na sociedade pós COVID19, mas, na verdade, ninguém sabe ao certo como as coisas vão ficar. “Mas há algo que se pode reter desta crise mundial, que teve origem não numa guerra, não na política, nem em movimentos sociais, que nos obriga a estar de uma forma diferente na sociedade. A tecnologia será importantíssima para o pós pandemia, porque os hábitos e as distancias da pessoas vão mudar e não haverá oura forma de lidar com essa nova realidade que não seja através destes recursos de telecomunicação” afirmou.
Para Tassi, a peste negra demorou quase dois séculos para sair da Ásia e chegar à Europa, enquanto a gripe espanhola demorou dois ou três anos para chegar a todo o mundo. Essa demora não tem qualquer relação com capacidade de a doença infectar as pessoas, mas com a acessibilidade das pessoas ao ente patológico. Na Europa da Peste Negra, as pessoas andavam a pé centenas de quilômetros para ir de cidade a cidade, e as informações demoravam meses para chegar de um lugar ao outro.
“A Gripe Espanhola, que surgiu nos Estados Unidos, por sua vez, viajou de navio de um continente ao outro e as informações demoravam dias ou horas para serem disseminadas, para as poucas pessoas que sabiam ler ou tinham acesso aos jornais”.

“A atual pandemia demorou semanas para sair da China e viajar o mundo inteiro, as informações sobre a pandemia estão disponíveis on line, em tempo real. As grandes diferenças, que marcam o tempo atual, estão na acessibilidade, no fluxo da informação e no desenvolvimento tecnológico sem precedentes” argumentou
Jorge Tassi argumentou ainda que enquanto o CAOS da Peste Negra nos ensinou a coletar lixo nas cidades e a enterrar as pessoas mortas, e a Gripe Espanhola nos fez tomar consciência de que devemos tomar medidas sanitárias para controlar o fluxo de pessoas no mundo, por exemplo, o Corona Vírus alterou diversos rumos da humanidade, em razão de sua capacidade de demonstrar como nosso modo de vida, de economia, de relacionamento e de respeito para com o próximo e o meio ambiente precisa mudar, para sempre.
AVANÇOS NA MEDICINA
Para o médico e diretor da Clínica de radiologia Multi Imagem José Carlos Clemente, a área da medicina já estava bastaste avançada antes da mesmo da pandemia, trabalhando com telemedicina, porém restrito a dúvidas que eram tiradas com médicos a distância na atividades de sua clínica. Bo entanto, ele entende que em tempos de crise esse processo se acelerou e se transformou numa poderosa ferramenta para superar as dificuldades do distanciamento, muito embora não seja o ideal, mas o “necessário”.
“A pandemia fez surgir na minha área uma ferramenta pouco usada no passado. Hoje, do centro localizado na minha empresa eu consigo controlar uma ressonância que está sendo realizada em Portugal, por exemplo” afirmou.

Se no Japão a cultura da máscara para evitar gripes era por nós interpretada como uma “bobagem” ou um “exagero” japonês, passamos a compreender sua essencialidade, aliado ao álcool em gel, que muitos carregarão no bolso, para sempre. Saímos dos escritórios isolados e dos coworking, e as empresas perceberam que o trabalho remoto é menos custoso, e que pode ser tão ou mais produtivo, porque não está preso às horas de trabalho, mas às necessidades das tarefas.
Ao invés de investir no aluguel de cinco andares de escritórios, estão dispostas à investir, por exemplo, 10% desse dinheiro em tecnologia, 20% em treinamento, 30% marketing e 40% em inovação e produto.
Aprender se tornou a maior necessidade humana, do dia para a noite! Aprender a ter uma competência desejada, a realizar algo que tem valor para o mundo, algo que as pessoas queiram ou sintam que necessitam comprar, se tornou um requisito para o novo emprego! E o novo emprego, além de exigir novas competências, de abandonar exigências e competências antigas, tem a tecnologia da informação como uma de suas mais profundas marcas!
“A pandemia fez surgir na minha área uma ferramenta pouco usada no passado. Hoje, do centro localizada na minha empresa eu consigo controlar uma ressonância que está sendo realizada em Portugal, por exemplo”.
José Carlos Clemente
Nesse sentido, foi um consenso entre os entrevistados que a sociedade precisará reconhecer que a educação da pessoa e a formação do profissional não podem ser meramente técnicas. As Hards Skills, ou seja, as competências técnicas são essenciais para todas as profissões, mas o ser humano precisa cuidar mais de sua formação moral e emocional.
A formação moral prepara o ser humano para não se sujar diante de uma miríade de oportunidades que estão “pipocando” nas nossas frentes, porque a imagem, o intelecto e o espírito de um ser humano saem rotos e desnaturados quando aceitamos os rumos aparentemente mais fáceis, e isso é latente, na verdade irretocável de que a toda ação há uma reação oposta!
O CAOS é um momento de transformação, que modifica as regras de uma realidade
Jorge Tassi
A formação emocional é a proposta das Softs Skills, pelas competências emocionais mais importantes para que o ser humano edifique sua dignidade interior! Nossa mente é uma esponja do aprendizado, mas sua lógica mais evidente é a de que prefere gastar pouca energia para ter mais prazer! Essa máxima é fugaz, porque o prazer rápido se esvai e a mente não preserva nada de bom! Enquanto espécie, somos máquinas de autossabotagem, que preferem constituir “hábitos” que nos proporcionam prejuízos irreparáveis a gerar resultados de excelência, que perdurem pelo resto das nossas vidas!
AUTOCONHECIMENTO E SOCIEDADES DO FUTURO

Estamos diante do grande desafio desse século (até agora), que está derrubando diversos dos paradigmas que nortearam a vida humana, nos últimos 50 ou 60 anos. Poderíamos descrever por horas, mas nos limitemos a ponderar sobre os carros, as motos e os combustíveis; os esportes e o entretenimento; o horário e o deslocamento para o trabalho; os direitos trabalhistas, o salário e o lucro abusivo; o esgotamento dos meios naturais, a produção em escala e o comércio presencial; são posições altamente ameaçadas, não pelas contingências, mas pela nova realidade que surge, muito rápido, sobre todos nós!
Assim, surgiremos das cinzas da pandemia, após “aprendermos a aprender” o novo! E o novo, NÃO será um novo-normal! A grande marca que o CAOS pandêmico nos proporcionou, em meio à REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO, é que NÃO haverá um normal, mas imperará uma cultura da flexibilidade, da acessibilidade, da dinâmica disruptiva, que enredará novas formas de trabalho, produção e distribuição de produtos, realidades distintas de entretenimento, relacionamento e contato entre as pessoas, a necessidade de o ser humano assumir permanentemente a ideia “raulesca de metamorfose ambulante”, tecnológica e customizável, de acordo com os ventos do mercado e dos comportamentos humanos!
Não voltaremos a ser o passado, nem jamais seremos o que um dia acreditamos ser o melhor! Devemos interpretar nossa existência como a transição de um ser-estar, para um ser-criar, capaz de entender o mundo, entender as diferenças como possibilidades e que a violência começa quando esquecemos que o amor é a única resposta para tudo isso!
Assista ao programa completo
O live Protagonismo Regional em Debate, promovido e organizado pelo Movimento Protagonismo Cidadão é transmitido pelo Youtube, Facebook e Instagram todas as segundas feiras, a partir das 19h30h.
SOBRE OS CONVIDADOS

JORGE TASSI – Empreendedor social, professor universitário, mestre em Direito pela PUC/SP, pesquisador sobre violência e desenvolvimento humano, co-founder da Plataforma The Mindset, Filósofo e Poeta
JOAO PAULO DE SOUSA MARTINS – Engenheiro Eletrônico, Master em Engenharia Eletrônica e Telecomunicações, (Politenico Zurique – Suiça), Master Business Administration (MBA) (Universidade Autónoma de Lisboa), empresário, Presidente Grupo Dibrumar (Lisboa- Portugal), Presidente TRENDT Business Consultancy (Dubai-EAU), CEO da Sea software (Santos – Brasil),
JOSÉ CARLOS CLEMENTE – Médico, professor da Faculdade de Medicina da UNIMES e Diretor da Clínica Multi Imagem de Santos
Apresentação – LÚCIA HELENA CORDEIRO