Cinco minutos em frente a um ególatra e meu espírito é tomado por um sentimento expresso pelo nome “preguiça”. É como se naquele breve tempo de permanência eu me arrependesse de tudo aquilo que já conquistei em anos de estudos, o tão nobre e desejado conhecimento, e meus pensamentos me levassem à intenção de que eu fosse mais ignorante.
Trata-se de um breve tempo de permanência porque algo em mim me leva ao afastamento de pessoas que me dão preguiça, fazendo com que estas ocupem no meu App de bloqueio um espaço destinado àqueles que não são bem-vindos. E não o são por um motivo simples: além de me causarem o tal sentimento já mencionado, também me levam a perder um pouco as esperanças de que possamos, um dia, viver e conviver em uma sociedade melhor. Esperanças estas, que faço questão de manter e guardar em local seguro e inabalável, a fim de que preserve, até os meus últimos minutos de vida, a fé na humanidade.
Se mantenho e nutro esta fé consigo me manter firme, forte e focada em encontrar explicações para as minhas inúmeras inquietações, que me fazem traduzir meu ser como sendo um eterno curioso, sempre em busca de mais e mais aprendizados, que me tragam explicações para estas inquietações.
Tem sido assim ao longo de alguns anos de vivência e tem funcionado assim ao longo de alguns anos de aprendizados. Se percebo um comportamento de adoração de si mesmo, onde um interlocutor demonstra intensa busca de autoafirmação, tentando impor uma verdade única sob alegação de alto nível de conhecimento, he is blocked! Nem sempre ele sabe que atravessou a listagem VIP e foi parar naquela exclusiva para os bloqueados, mas está lá e isso basta.
Esta lista VIP, que também compõe o meu aplicativo, já em sua versão 4.4, é o local em que coloco os mais admirados, aqueles com quem aprendi e revi muitos conceitos, aqueles a quem devo honra e gratidão. E, ao menos para mim, são estes que fizeram e fazem a diferença em minha evolução enquanto ser humano com propósito e intenções. Todas as vezes em que comparo uma e outra lista me orgulho de nunca me afastar da busca por saber, mas de conseguir ponderar e me ocupar com aqueles realmente interessados em expandir e construir.
Porque conhecimento para mim é responsabilidade, é a maneira que temos de construir relações mais saudáveis, ambientes mais benignos, pessoas mais conscientes, sociedades mais salutares. Daí é que o ególatra se tornou o tema principal desta provocação, pois em minha humilde visão é um camarada sem função, já que o saber lhe torna o famoso “bonzão”.
E o que faz por nós um nobre “bonzão”?
O típico ser que se posiciona sempre em alto pedestal, que não aceita críticas e tampouco estende a mão. Uma pessoa sem uma nobre missão, mas a quem se concede muita atenção. E o que isso significa no perigoso jogo da vida?
Significa segregação e humilhação, praticados com intenção. Um distanciamento que só reforça a ideia de que há espaços em que não se tem permissão de entrada, como se só aos nobres pertencesse: Espaço Bonzão. Um cultivo da ignorância, que não raras vezes é citada nos discursos como sendo algo a se combater, pura MENTIRA!
Mentira porque quem se acha “bonzão” não está nem aí pra mim, pra você, pra nós. Ao contrário, faz parte de seus planos nos manter envoltos em seus notórios saberes – leia-se as suas verdades, assim, não ousamos questioná-los, muito menos afrontá-los, que dirá tocá-los.
“Os preocupados em expandir seus conhecimentos, descobertas, pesquisas e tendências, jamais seriam considerados tolos ou cansados, saberiam identificar os verdadeiros cidadãos protagonistas, que, ao menos para mim, nunca se demonstraram insensíveis ou fechados”.
Mas num mundo totalmente globalizado, onde (graças a Deus) há muitos inconformados, fico aqui pensando como seria bom se pudéssemos, publicamente, identificá-los. Talvez uma sigla para estes titulados: Bonzão (Bz.), imagine:
– E agora passamos a palavra ao Bz. Fulano de Tal. Ele que recebeu este título já durante a sua primeira graduação, o camarada nos traz agora as suas notórias verdades.
Enquanto isso, aqueles preocupados em expandir seus saberes por meio de conhecimentos científicos, descobertas, pesquisas e tendências, jamais seriam considerados tolos ou cansados, saberiam identificar os verdadeiros cidadãos protagonistas, que, ao menos para mim, nunca se demonstraram insensíveis ou fechados.
Numa sociedade que carece de conscientização faria toda a diferença, poderíamos escolher serenamente nos manter focados no jogo para o qual já nascemos destinados, ou ainda, escolher uma formação em egolatria, com possibilidade de pós-graduação, mestrado e doutorado, para as mais diferentes possibilidades de participação nos egogames das mais diferentes temporadas. Estes egogames poderiam ser anunciados, mas, deste modo, aqueles menos abastados teriam hora e vez nesse mundo doido e fracionado.
De que lado você estaria?
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–Cidadania Hackeada