COMO O BRASIL SE TORNOU UM PÁRIA INTERNACIONAL | Sergio França Coelho | Blog

A marca de toda eleição é a disputa. Acusações de parte a parte, com o objetivo de desqualificar o adversário fazem parte do jogo político. Em 2022 parece que as disputas saíram do campo político e chegaram ao nível do vale tudo.

Tenho lido em vários sites de notícia que o Brasil foi protagonista do aumento da extrema pobreza no mundo nos últimos 3 anos. Será? Vamos analisar alguns números:

De acordo com o Banco Mundial, em 2002 existia no mundo 1,58 bilhão de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. No Brasil, eram 47,4 milhões de pessoas nessa condição, de acordo com o IBGE. No final de 2016, o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no mundo caiu pela metade (735 milhões), enquanto no Brasil aumentou para 52,8 milhões (IBGE 2017). Os dados comprovam que entre 2003 e 2016 a pobreza no mundo caiu 53,5%, mas no Brasil aumentou 11%.

 

 

Pode-se afirmar que, em comparação com o mundo, o modelo de gestão política e econômica adotado no Brasil naquele período impediu 30,6 milhões de brasileiros de sair da linha da pobreza. No início de 2019, de acordo com o Banco Mundial, existia no mundo 655 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. No Brasil, de acordo com o IBGE, tínhamos 51,7 milhões contra os 52,8 milhões de 2016.

É fato que ainda temos muitos miseráveis no Brasil. Mas é possível afirmar que aumentaram fora do contexto da pandemia? Os dados oficiais mostram que antes da crise estes números não aumentaram. E podem ser conferidos em sites e páginas oficiais e confrontados com os discursos rasos de campanha.

Combater a fome e a pobreza extrema é um trabalho que exige política econômica responsável de longo prazo. Sem bravatas e ilusionismos.

Ainda assim prevalece em certos grupos de influência um fetiche em diminuir a imagem do Brasil pelo mundo afora. Não seria tão grave se fosse apenas um fetiche dos “Beautiful People” da Vila Madalena e do Leblon. A coisa é bem mais séria.

Em “Regras para radicais: um guia pragmático para radicais realistas“, escrito pelo norte americano Saul Alinsky (1909-1972) podemos compreender como o filósofo socialista influenciou uma geração de políticos como Hilary Clinton e Barack Obama. Suas obras nos ajudam a entender parte dos fenômenos da atualidade.

 

Das 13 regras ensinadas no livro eu destacaria três que ilustram como o ilusionismo retórico pode favorecer a narrativa de distorcer a realidade:

1 – O poder não é apenas aquilo que você possui, mas o que seu inimigo pensa que você possui (manipulação de pesquisas);

5 – A ridicularização é a arma mais poderosa do homem (dispensa ilustração);

13 – Escolha o alvo, congele-o, personalize-o e polarize-o (nós contra eles).

 

Os ensinamentos de Alinsk traduzem o “Modus Operandi” dos revolucionários de esquerda. Reforçar as narrativas com o objetivo de distorcer a verdade.

 

No contexto da política atual, seja em âmbito nacional ou não, em tempos de redes sociais, as narrativas têm sido usadas para “distorcer ou adequar” os fatos. Induzindo a interpretação de quem os vê, de acordo com as conveniências dos seus disseminadores. Antes de seguir na análise das narrativas que distorcem a realidade para atender conveniências vou contar uma experiencia pessoal recente:

Confesso que fui inspirado a escrever este artigo em meio a um diálogo travado com um amigo que admiro bastante, e ouvir dele, o seguinte argumento: “O meu socialismo é o socialismo europeu; de Portugal; da França; da Itália, e da Bélgica”. Pensei: Que ótima oportunidade de pesquisar a respeito e escrever um artigo.

Eis alguns números:

O socialismo europeu levou os países citados ao nível de endividamento que poderá colocar por terra décadas de esforços de sua economia e interromper o ciclo de diminuição da pobreza no mundo, que mostrei no início deste artigo.  A relação dívida/PIB atual da Itália é de 151%. A de Portugal 127%, Espanha 118% e França 113% para ficar nos exemplos de socialismo citados pelo meu amigo. Para quem não sabe, a relação Dívida/PIB é um dos indicadores da saúde de uma economia.

 

E o pária Brasil? Aqui a dívida pública caiu pelo nono mês seguido e chegou a 77,6% do PIB em julho, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central em setembro. O principal impacto na queda do indicador em julho foi o do crescimento nominal do PIB e, em segundo plano, os resgates líquidos da dívida. Ou seja, nos últimos 3 anos e meio, apesar das crises, a economia cresceu e o governo gastou menos do que arrecadou.

 

A projeção do mercado financeiro para o crescimento econômico de 2023 voltou a subir. Segundo o Boletim Focus, divulgado no inicio de outubro, o mercado espera um crescimento de 0,47% para o país. No final de agosto, a expectativa era de alta de 0,37%.

Em levantamento compilado realizado no mês de agosto pela Bloomberg, o Brasil ocupava a quarta colocação no ranking de menor inflação (8,73%), que conta com uma lista de 23 países com grande economia. Enquanto Argentina registrava 69,2% de inflação e a Rússia 14,3%, outras grandes nações também apresentam inflação acima do Brasil. Este é o caso do Reino Unido (9,9%), Itália (9,1%) e Alemanha (8,8%).

 

Enfim, quanto ao título deste artigo… Qual foi mesmo? Ah, Pária internacional…

Para ser sincero, eu nem mesmo sabia o significado dessa expressão. Até descobrir, que segundo dicionário, equivale a pessoa excluída pela sociedade, marginal, proscrito, exilado, desclassificado.

Ué!? Não foi essa a imagem de país de terceiro mundo que a minha geração se acostumou a ver do Brasil por tantas décadas? O que teria mudado nos últimos 24 meses para que tal expressão tenha sido repetida, quase como um slogan de autodepreciação? Teríamos nós, brasileiros, cansado de sermos coadjuvantes na geopolítica mundial? O Brasil não é qualquer país.

 

O Protagonismo do Brasil já está incomodando muita gente dentro e fora do país. Os números apresentados aqui falam por si. O pária do passado quer assumir sua zona de influência e tal influencia está colocando coisas muito maiores em jogo. As ideias de Alinsky entre outros pensadores marxistas deram seus frutos. Tornar o pensamento marxista hegemônico em várias camadas da sociedade.

 

Para esse pensamento hegemônico pouco importa os números apresentados neste artigo. Cazuza disse que precisava de uma ideologia para viver. Na verdade, os movimentos marxistas em todo mundo sabem que a narrativa ideológica é o combustível de sua manipulação das massas e dela depende a manutenção de seus grupos no poder. Como ensinou Alinsk, é preciso fazer acreditar que a mentira é verdade. Ridicularizar o Brasil e polarizar o debate. Assim foi gestado o “párea Brasil” no consorcio de imprensa.

As narrativas maniqueístas são pragas que não serão debeladas enquanto não quisermos confrontar a verdade, e amadurecer como sociedade em nossas escolhas conscientes diante das urnas.

Menos por paixões. Mais pela verdade.