13 de maio de 2023
A restauração pode ser entendida como um conjunto de ações a incidir sobre um objeto de reconhecido significado cultural e simbólico, visando preservar e revelar valores estéticos e históricos a ele associados, os quais podem estar presentes desde sua origem ou terem se constituído ao longo do tempo, e por isso, trazem em si, parte do DNA de um povo, um país ou uma civilização. Para a arquiteta preservacionista Raquel Nery, o Centro Histórico de São Paulo em sua arquitetura, como experiência contemplativa tem enorme potencial para o turismo cultural, além de recurso de educação, de economia criativa e espaço para novos e tradicionais negócios. Neste sentido, muitos movimentos emergem pela cidade questionando como a arquitetura e a história do Centro de São Paulo podem ser aproveitadas para um turismo inteligente, acessível e cultural.
CIDADES HISTÓRICAS – A história do Brasil é rica, abrangente e repleta de contradições. A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio estabelecido pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e Artístico, por Patrimônio Cultural Brasileiro.
Por meio do patrimônio histórico cultural podemos conhecer a história e tudo que a envolve. Por exemplo, a arte, as tradições, os saberes de determinado povo. Preservar e valorizar os elementos culturais de um povo é manter viva a sua identidade. Trata-se, portanto, de um ato de construção da cidadania. Já o tombamento significa um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de preservar, por meio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados.
O patrimônio cultural é composto por monumentos, conjuntos de construções e sítios arqueológicos, festas, celebrações, saberes e tradições populares de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas. A política do Patrimônio Cultural está organizada em duas grandes frentes de ação: Patrimônio Material e o o Patrimônio Imaterial.
CRITÉRIOS – Do ponto de vista técnico e dos princípios filosóficos da Teoria de Restauro de Cesare Brandi, também conhecida por Restauro Científico, o objetivo da intervenção de Restauro é resgatar valores estéticos e históricos do bem cultural. A Carta de Veneza de 1964, documento da UNESCO é o documento que sintetiza os princípios do restauro e os orienta para a intervenção no patrimônio arquitetônico. O projeto de restauro exige uma equipe de profissionais multidisciplinar e é baseado em pesquisa documental, histórica, ceintífica, análises e ensaios de material de construção e busca preservar e conservar a autenticidade da matéria.
A reforma em um imóvel comum tem a liberdade de fazer qualquer mudança, desde que não coloque em risco a segurança do imóvel. Na reforma, o resultado pode ser algo totalmente diferente do original. A reforma ou adaptação de um bem tombado a um novo uso deve ser integrada ao Projeto de Restauro e o uso deve ser compatível com a conservação do imóvel.
Mais quais seriam os critérios para definir um patrimônio histórico ou um bem material ou natural ? Os critérios de declaração e/ou tombamentos seguem algumas regras, em especial a relevância do patrimonio em determinado tempo de uma sociedade ou comunidade. O conceito começou a ser disseminado a partir do século 19 e pode ser aplicado a prédios, ruínas, estátuas, esculturas, templos, igrejas, praças e até mesmo uma cidade seguindo um roteiro de quaificação.
PRAIA PAULISTANA – São Paulo, uma das cidades mais antigas do Brasil, apesar de sua modernidade e vanguarda cosmopolita, possui inúmeros patrimônios histórico-culturais tombados, muitos com problemas de manutenção e conservação e alguns sob risco. Raquel Nery entende que o centro histórico de São Paulo, como espaço público reflete a imagem da cidade em suas camadas edificadas do tempo, trazendo memórias afetivas do passado no presente e como espaço de memória social da cidade e do país. “É preciso pensar também, no centro da cidade sobre o aspecto da mobilidade, da rede de transportes, da prioridade aos pedestres e os espaços de convivência entre as pessoas” afirma.
A especialista defende que o patrimônio arquitetônico e o tombamento – como desafios econômicos e sociais da preservação e conservação – sejam pautas de toda a sociedade, no sentido de compreender por que é necessário (e difícil) restaurar e conservar os edifícios e exigir política publicas eficazes para o restauro e conservação, resgatar sua importância multisetorial e seu potencial como gerador de desenvolvimento econômico através do turismo cultural. “O Centro da cidade poderia ser a praia do paulistano”
O QUE EXPERIENCIAS ENSINAM – Hoje o Brasil conta com mais de 20 cidades consideradas históricas pelos conselhos de preservação. Além de outras dezenas fazerem parte do patrimônio artístico, natural, material e imaterial. Diante de todo esse contexto, é possível afirmar que o Brasil está vencendo o desafio de preservar sua cultura e história mesmo diante das contradições dos tempos atuais? Quais são as vantagens concretas de preservarmos nosso patrimônio? Quais Problemas precisamos superar e quais incentivos perseguir? Qual é o perfil de turista que visita uma cidade patrimônio e seu histórico? O que ele espera explorar?
Para refletir sobre esse tema, o painel AGENDA TURISMO do Protagonismo Regional em Debate promove no programa do próximo dia 06 de maio, a partir das 20h, o debate: CENTRO DE SÃO PAULO | Desafios e Oportunidades para a Preservação, que terá como convidada especial: Raquel Nery | Arquiteta Preservacionista, e comentários de Alessandro Lopes| Arquiteta Urbanista, especialista em Cidades Inteligentes e Selma Cabral | Consultora e Empresária do Setor de Turismo.
Assista o programa completo
SOBRE OS CONVIDADOS
RAQUEL NERY| Arquiteta e Urbanista, servidora do IPHAN, trabalhou na obra de restauro da Estação da Luz; Na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo desenvolveu uma pesquisa sobre o tombamento das artes aplicadas no IPHAN. Preservacionista, Mestre em Projeto, Espaço e Cultura pela FAU USP. Idealizou e implantou o Planejamento Estratégico para bens tombados; Fundadora da Comunidade São Paulo Restauro & Memória
ALESSANDRO LOPES |Arquiteto e Urbanista, Mestre em Direito Ambiental com MBA Gestão de Projetos. Coordenador de Projeto (Implantação e Desenvolvimento de Metodologia BIM) Câmara Brasileira de BIM – CBIM-SP – Consultor Estratégico BIM e CIM Docente níveis Técnico, Superior e Especialização. Palestrante e Pesquisador de Cidades Inteligentes e Criativas.
SELMA CABRAL | Consultora em Turismo e Eventos /Diretora Executiva na Empresa Turismo & Ideias e Sócia e Colunista e Mentora para novos Negócios no 40emais
SOBRE O PROGRAMA
A Plataforma Protagonismo Cidadão, iniciativa não governamental e apartidária, é uma rede apoiada por empresas, comunidade acadêmica e terceiro setor, fundada com objetivo de apoiar a iniciativa cidadã como verdadeira protagonista do desenvolvimento da sociedade.
Nossa plataforma se autodefine como uma visão, selo e canal de informação.
Uma Plataforma de Conteúdo, um Clube de Negócios e um Canal de Comunicação.
ENTREVISTAS E DEBATES SOBRE A REGIÃO
O programa Protagonismo Regional em Debate é uma produção da equipe de comunicação do Portal Protagonismo Cidadão em parceria com os estúdios Telavip Digital e teve seu primeiro programa veiculado em 30 de maio de 2020. Com duração de 60 minutos, as entrevistas e debates com especialistas e lideranças de setores diversos são pautadas na identidade e vocações econômicas da região.
As transmissões são feitas ao vivo pelas plataformas digitais da internet (Lives), com apresentação e condução das entrevistas feitas por Sérgio França Coelho e Lúcia Helena Cordeiro, consultores organizacionais e fundadores do Protagonismo Cidadão.
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico da região no cenário nacional, através da melhor exploração de suas vocações, e na criação de uma cultura de participação mais proativa da sociedade sobre temas ainda hoje circunscritos às áreas política, empresarial e estatal.
CANAIS DE TRANSMISSÃO
Para atingir estes propósitos, este projeto tem apostado em estratégias multiplataformas de redes sociais (canais do Youtube, Facebook e Instagram do Protagonismo Cidadão e do jornal Diário do Litoral), utilizando linguagem atraente a diferentes públicos, mas com foco especial no público de 35 a 55 anos, disposto ao debate crítico quanto aos desafios da vida nas cidades.