Artigo | ESTAMOS NAS MÃOS DAS PLATAFORMAS DIGITAIS? | Oldery Carlos Silva

11  de outubro  de 2021

 

 

Quase uma semana após uma das panes mais duradouras de suas histórias terem tirado do ar por mais de 6 horas o WhatsAppFacebook e Instagram, era de se esperar que um dos assuntos mais comentados pelas pessoas em ambientes virtual ou não fosse: Quanto essa dependência das redes sociais está afetando a vida na sociedade atual?

Foi no dia 4/10, por volta do meio dia (horário de Brasília) que Internautas em todo o mundo começaram a relatar dificuldade para acessar os três serviços – todos eles pertencem ao Facebook. Por volta das 18h35, mais de 6 horas após o início da pane, Facebook, Instagram e WhatsApp começaram a abrir novamente para alguns usuários. No início da noite, a rede social anunciou a retomada do serviço e pediu desculpas.

 

CAUSAS EM INVESTIGAÇÃO – Após assumir publicamente que o problema foi global a empresa disse que ainda investigava o que causou a falha, considerada um problema de rede. Segundo o departamento responsável do Facebook, o efeito colateral de configuração do servidor raiz gerou o problema técnico interrompendo o acesso aos endereços na Web em escala global.

Embora nenhuma explicação oficial tenha sido oferecida, especialistas acreditam que se trate de um problema com o DNS (sigla em inglês para Sistema de Nomes de Domínio).

 

O DNS pode ser comparado a uma espécie de diretório ou agenda, por meio da qual se liga o endereço usual de um site ou de um App a um número de IP dentro da internet. Por meio dele, o endereço que digitamos na barra de pesquisa do navegador é transformado em uma sequência de números, o IP, que nos leva ao site desejado.

 

PREJUIZO BILIONARIO – Durante a pane nas plataformas todas as atividades íntimas ou profissionais foram afetadas por aproximadamente 04 horas não permitindo qualquer tipo de operação. A magnitude do problema obviamente se traduziria e números financeiros igualmente grandiosos. Uma grande venda das ações do Facebook fizeram com que seu valor caísse quase 5% no dia da pane. Como resultado, o bilionário Mark Zuckerberg, dono das marcas, perdeu cerca de 6 bilhões dólares em apenas algumas horas, de acordo com a Bloomberg. A magnitude dos prejuízos de Zuckerberg serve para ilustrar a dimensão dos números que envolve a questão e seus desdobramentos. São mais de 2.5 bilhões de pessoas em todo mundo consideradas as três plataformas.

 

REGULAÇÃO – Para o Co-fundador e Membro do Conselho Consultivo da Turing Security Rodrigo Silva, a regulação das plataformas digitais é tema latente no cenário global, seja para moderar conteúdo, pagar pelo conteúdo ou atender aos anseios ideológicos de legiões. Recentemente, o Facebook foi acusado de “práticas antiéticas” na operação algorítmica da plataforma com os usuários. A ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, afirmou que os interesses mercadológicos na empresa estariam acima dos interesses humanos na plataforma da Facebook. Fatos que colocam em xeque as condutas éticas da empresa. A tributação de conteúdo nas plataformas digitais também é fator de discordância entre os governos, que sofrem inúmeras variações de entre os países. Silva também entende que a moderação ou remoção do conteúdo de usuários das plataformas digitais é algo bastante sério. “Observa-se que o poderio das plataformas digitais está aquém do ordenamento jurídico, pois decidem quem pode ou não pode opinar ou expressar a sua liberdade de pensamento” afirmou.  O especialista chama atenção aos casos semelhantes de pessoas comuns que alertam para o poder das plataformas de ditar as regras do jogo na cibercultura global.

 

NAS MÃOS DAS PLATAFORMAS DIGITAIS – A interrupção do Facebook e seus conglomerados tecnológicos levantam importantes reflexões sobre o tema: Qual seria a transparência mínima desejável para uma empresa desse porte? É relevante para a vida social ou profissional o uso constante e rotineiro de plataformas digitais? A suspensão ou interrupção das plataformas digitais poderão acarretar multas em razão de perda nos negócios ou danos pessoais? Em que ponto a regulação poderá proteger o usuário, seja qual for a sua posição política, credo e etc.? Em que ponto a regulação deve limitar o poderio das plataformas digitais sem impedir a inovação e o desenvolvimento econômico da empresa?