17 de abril de 2023
Os tropeiros que partiam de Taubaté e desciam a encostas da Serra do Mar em direção ao Porto de Paraty, costumavam parar às margens do rio Paraitinga, onde – desde os tempos dos bandeirantes – havia um porto avançado. O objetivo era controlar uma região por onde se transitava para burlar a proibição de acesso ao planalto e ao litoral pela estrada Cunha‐Paraty.
A comunidade desenvolveu-se com os sítios rurais voltados para as estradas e seus viajantes, indicando a cidade como um lugar de passagem. Pelo rio Paraitinga (parahy-tinga, “águas claras” em tupi-guarani) passavam o café e o ouro mineiro. O povoado foi elevado à condição de vila, em 1773, e à cidade, em 1857. Assim nasceu São Luiz do Paraitinga, localizada entre montanhas no topo da Serra do Mar em um local que era um antigo pouso de tropeiros e entreposto de mercadorias, estrategicamente localizada, no caminho entre os municípios de Taubaté e Ubatuba.
No século XIX, a comunidade promoveu o desenvolvimento regional e a cidade participou de um período de abastança, quando os proprietários rurais expandiram suas riquezas e residências. A região também produzia feijão, cana, milho e mandioca, além do gado leiteiro – o que valeu à cidade o título de “Celeiro do Vale” -, enquanto o restante do Estado priorizava a cultura do café.
Como resultado dessa época, iniciaram-se as obras públicas, o calçamento das ruas com pedras, o loteamento urbano, e a ornamentação dos casarões dos senhores rurais.
CIDADE HISTÓRICA – São Luiz do Paraitinga é um dos 70 municípios paulistas considerados estâncias turísticas pelo Estado de SP, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de “estância turística”, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
Quem visita a cidade vive experiencia de volta ao passado ao visitar as vilas formadas pelo conjunto religioso e as residências urbanas. Os sobrados e casas grandes presentes no núcleo histórico são frutos da riqueza do café, que promoveu um período de grande produção arquitetônica na cidade, resultando em uma expressiva arquitetura urbana.
Há, ainda, um terceiro tipo de edificação – as casas térreas – caracterizado por ser um modelo mais simples, popular, posterior à riqueza do café. O centro histórico de São Luís do Paraitinga possui arquitetura em estilo colonial e preserva características da época dos barões do café. O tombamento realizado pelo Iphan, em 2012, incluiu casarões, capelas, praças, coretos e fontes, ladeiras, ruas e largos – marcos de preservação urbana que trazem relevantes referências espaciais da cidade e caracterizam as fases de sua expansão urbana.
DESAFIOS DA MODERNIDADE – A preservação e exploração turística sustentável de patrimônios como esse encerra seus próprios desafios. Nos primeiros dias de 2010, a cidade sofreu com uma forte enchente do Rio Paraitinga que a fez perder oito de seus edifícios históricos, incluindo a Igreja Matriz do município, construída no século XVII.
A Igreja Matriz do município era o principal símbolo da cidade e desabou sobre si mesma devido à chuva. As imagens foram registradas por um cinegrafista amador e exibidas em vários telejornais do país.
Após as enchentes, para a reconstrução da cidade, foram recebidos cerca de R$ 15 milhões do governo federal para a contenção de encostas e reconstrução de pontes e estradas, e cerca de R$ 100 milhões do governo do estado para a reconstrução de prédios públicos, e outras obras.
Em dezembro de 2010, o Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga foi declarado como patrimônio cultural nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O tombamento permitiu a reconstrução de diversas construções históricas, incluindo a Igreja Matriz São Luís de Tolosa, reaberta em maio de 2014.
Toda essa exposição na mídia nacional teve um lado positivo, fazendo com que muitos brasileiros descobrissem esse oásis histórico-cultural que está a apenas 180 km de distância da capital.
O QUE EXPERIENCIAS NOS ENSINAM? O fato de não ter passado pelo processo de expansão industrial, a exemplo do que ocorreu com outras cidades da região, teve também seus aspectos positivos. A cidade é hoje um refúgio para os amantes de cenários bucólicos, além de pesquisadores do patrimônio histórico-cultural brasileiro existentes em meio as grandes regiões urbanas. Além dos atrativos na área urbana, como o conjunto arquitetônico, com mais de 450 imóveis, numa área superior a 6,5 milhões de metros quadrados, na cidade também merece destaque o turismo ecológico e de aventura. Trilhas como a da Pirapitinga, do Corcovado, do Poço do Pito, do Ipiranga e do Rio Grande além dos raftings no Núcleo Santa Virgínia, com duração de 6 horas e Brazadão, com duração de 4 horas: ambos realizados no Rio Paraibuna.
São Luiz do Paraitinga é reconhecida também por ser uma das cidades mais festeiras do Brasil. Em qualquer mês do ano tem alguma festa acontecendo. São festas religiosas, musicais ou artísticas. Tudo na cidade é motivo para festejar. No carnaval, são pelo menos 25 blocos que se apresentam entre sexta e terça-feira. Muitos deles foram surgindo espontaneamente por meio de manifestações populares e hoje já fazem parte do Carnaval de São Luiz do Paraitinga. Alguns dos blocos mais famosos são do Juca Teles, Barbosa, Casarão, Maria Gasolina, do Saci, dentre outros.
Diante de todo esse contexto, é possível afirmar que São Luís do Paraitinga está vencendo o desafio de preservar sua cultura e história mesmo diante das contradições dos tempos atuais? Essa preservação une o turismo histórico-cultural ao turismo de experiencia? Como o turismo ecológico e de aventura se encaixa nestas estratégias?
As comunidades locais abraçam esse turismo como atividade econômica importante para os moradores locais? Iniciativas regionais estão mais bem sintonizadas com as novas tendências de mercado? Os setores público e privado estão em sintonia com suas iniciativas? As instituições de ensino (públicas e privadas) estão participando dessa discussão? Quais casos de sucesso de outras regiões poderiam ser trazidos para essa discussão? Podemos continuar afirmando que o turismo é a grande redenção da economia nacional?
Para refletir sobre esse tema, o painel AGENDA TURISMO do Protagonismo Regional em Debate promove no programa do próximo dia 13 de março, a partir das 20h, o debate: DESAFIOS DAS CIDADES HISTÓRICAS | São Luiz do Paraitinga
que terá como convidados: Ana Lucia Bilard Sicherle | Prefeita de São Luiz do Paraitinga; e Elizabeth Correia | Arquiteta, ex-coordenadora do DADETUR SP
SOBRE OS CONVIDADOS
ANA LUCIA BILARD SICHERLE | Graduada em Pedagogia pela UNITAU de Taubaté é Especialista em Psicopedagogia pela mesma universidade. Professora da Rede Municipal e Estadual em São Luiz do Paraitinga; e Proprietária da Escola Curupira em São Luiz do Paraitinga; Secretária Municipal de Educação de São Luiz do Paraitinga; Secretária Municipal de Educação de Caraguatatuba; Prefeita de São Luiz do Paraitinga pelo terceiro mandato.
ELIZABETH CORREIA | Arquiteta, Foi Secretária de Planejamento de São Vicente; Coordenadora do Departamento de Apoio e Desenvolvimento às Estância (DADE) da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo , hoje DADETUR; Coordenadora de Ensino Superior do Estado de São Paulo; Subsecretária de Ciência, Tecnologia e Inovação na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo; Atualmente está na Secretaria de Habitação de São Vicente. Participando de grupos de trabalhos na área de Turismo, Geração de Empregos entre outros.
SOBRE O PROGRAMA
A Plataforma Protagonismo Cidadão, iniciativa não governamental e apartidária, é uma rede apoiada por empresas, comunidade acadêmica e terceiro setor, fundada com objetivo de apoiar a iniciativa cidadã como verdadeira protagonista do desenvolvimento da sociedade. Nossa plataforma se autodefine como uma visão, selo e canal de informação. Uma Plataforma de Conteúdo, um Clube de Negócios e um Canal de Comunicação.
ENTREVISTAS E DEBATES SOBRE A REGIÃO
O programa Protagonismo Regional em Debate é uma produção da equipe de comunicação da Plataforma Protagonismo Cidadão em parceria com os estúdios Telavip Digital e teve seu primeiro programa veiculado em 30 de maio de 2020.
Com duração de 60 minutos, as entrevistas e debates com especialistas e lideranças de setores diversos são pautadas na identidade e vocações econômicas da região. As transmissões são feitas ao vivo pelas plataformas digitais da internet (Lives), com apresentação e condução das entrevistas feitas por Sérgio França Coelho e Lúcia Helena Cordeiro, consultores organizacionais e fundadores do Protagonismo Cidadão.
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico da região no cenário nacional, através da melhor exploração de suas vocações, e na criação de uma cultura de participação mais proativa da sociedade sobre temas ainda hoje circunscritos às áreas política, empresarial e estatal.
CANAIS DE TRANSMISSÃO
Para atingir estes propósitos, este projeto tem apostado em estratégias multiplataformas de redes sociais (canais do Youtube, Facebook e Instagram do Protagonismo Cidadão e do jornal Diário do Litoral), utilizando linguagem atraente a diferentes públicos, mas com foco especial no público de 35 a 55 anos, disposto ao debate crítico quanto aos desafios da vida nas cidades.
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