A INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PORTOS NO BRASIL – Eduardo Lustoza, artigo

27 de março de 2021

 

industrialização no Brasil foi historicamente tardia, e as primeiras fábricas só foram abertas em 1808 com a chegada da Família Real ao Brasil, após três séculos sob-regime colonial e escravagista.

As taxas alfandegárias incidentes sobre os produtos importados se tornaram um divisor das águas, criando um ambiente favorável para o surgimento das primeiras manufaturas, e assim, produzir no Brasil ficaria mais barato, no ano de 1844. Entre 1930 e 1956 se deu a Revolução Industrial Brasileira, e durante o governo Vargas foi consolidada a indústria pesada no País.

Até hoje as barreiras alfandegarias continuam direcionando a balança comercial, incentivando a produção no território nacional ou internacional.

Um exemplo azedo assistimos nas exportações, totalmente desoneradas, com as principais commodities brasileiras, que se exporta principalmente pelas trading e cooperativas que não param de crescer e comprar a produção antecipada, trazendo até o risco de desabastecimento do mercado interno.

Incentivados pelo dólar alto e descalibrado, o produtor nacional vende seus produtos para as tradings, que no mercado internacional, industrializam os commodities e exportam para o Brasil, gerando riquezas e empregos melhores remunerados.

 

Este cenário tem levado a um processo de desindustrialização no Brasil em diversas cadeias produtivas: têxtil, café, calçado, chocolates, farmacêutico, automobilístico, eletrônicos, e etc, fatalmente nocauteados pela Custo-Brasil. Na maioria destes setores já é constatado que é mais barato comprar o produto importado, e fechar a indústria nacional, até para o simples picolés trazidos da Itália.

Os portos têm contribuído para este cenário de desindustrialização do país. Portos Públicos graneleiros arrendados para a Trading e Grupos Internacionais, transformam estes terminais em corredores logísticos privativos, restringindo as exportações de pequenos e médios produtores, que na dificuldade, vendem suas industrias, fato narrado amplamente pelos produtores de açúcar, salvos pelo TIPLAM que passou a atender ao setor no porto de Santos.

O Governo Federal ou peca pela ignorância ou pela falta de malícia e experiência. As Federações das Indústrias em todos os Estados também assistem passivamente estes  Arrendamentos Portuários que afetam a indústria nacional. Agem como se não tivessem a obrigação de participarem desta modelagem e manterem os corredores logísticos abertos para todos, arrendados para Operadores Portuários.

Aguarda-se ansiosamente pela publicação da modelagem da privatização do Porto de Santos ou da APS, em que se deve demonstrar a neutralidade na gestão comercial dos contratos de arrendamentos, maior agilidade operacional e a menor tarifa possível para incentivar a industrialização nacional, a qual resulta na maior geração de empregos e no aquecimento do mercado interno, função estratégica da Autoridade Portuária de Santos.

Lembrando que o Brasil passa por um processo de desindustrialização, fenômeno que se refere à perda acentuada da atividade industrial. Em 1985, a indústria de transformação respondia por 25% do PIB brasileiro. Desde então, foi perdendo a competitividade e atualmente responde por menos do que 15% do PIB.