“Muitos desses líderes estudantis continuam enveredando na política partidária, alguns até por vocação, mas a maioria por “herança” ou estratégia de sobrevivência.”
Adílson Gonçalves
Nos anos de 1970, as escolas eram um microcosmos da Guerra Fria:
Grupos ideológicos disputavam ferrenhamente os centros estudantis com discursos opostos, mas com práticas muito parecidas.
A maioria dos representantes estudantis pertencia à “turma do fundão”, tanto os anticomunistas, pró-EUA, como os anti-imperialistas, pró-URSS.
Ambos tinham em comum frases feitas e nenhum empenho acadêmico. Pelo contrário, assolavam os que estavam ali para estudar.
Cada um tinha seus ídolos, candidatos a “heróis” e ou gente querendo fazer parte da “tribo”.
As aulas? Ora as aulas… Eram empecilhos à sua militância “estoica”, pois havia uma “guerra” lá fora!
Havia os que queriam explorar os outros para compensar sua incompetência acadêmica, exigindo “cola”. Mas também havia alguns, poucos, que acreditavam num mundo de oportunidades iguais para todos, e não num mundo de todos iguais, com uns mais iguais que os outros, ou de elites heráldicas, tradicionais.
No entanto, esses idealistas não passavam de massa de manobra nas mãos de líderes autoritários, que usavam e abusavam da pressão psicológica e física para impor seus dogmas, às vezes incentivados por docentes também pouco interessados em ensinar, apesar de remunerados para tanto.
Assim, apesar do discurso “democrático” ser onipresente, os dois lados defendiam, consciente ou inconscientemente, regimes de governo considerados ditaduras. E não só defendiam como também praticavam pois, apesar de exaltarem a autonomia de pensamento, não aceitavam qualquer oposição.
O atual cenário brasileiro e mundial mostra que muitos desses líderes estudantis continuam enveredando na política partidária, alguns até por vocação, mas a maioria por “herança” ou estratégia de sobrevivência.
A esperança é de que a maturidade lhes traga um pouco de bom senso para mudarem o que criticam, mas a maioria continua optando por tirar proveito do que, antes, combatiam, embora mantendo o mesma falácia “idealista” e ranço anacrônico, que continua a fazer “escola”, mais do mesmo.
Parece que o discurso ideológico era o que menos importa.
Há, sim, o fascínio pelo poder ou uma compensação para o mau desempenho acadêmico, esportivo ou afetivo.
Assim, permanecem agarrados ao poder, mantendo os mesmos discursos panfletários, democráticos nas palavras, mas autoritários e autocráticos, em pensamentos e atos; quase sempre assessorados por fiéis sequazes, de pouca competência técnica e muita mediocridade oportunista, aduladora, mal-intencionada, gente que faz da política uma profissão, que não é de fé.
As revoluções e contrarrevoluções que pregavam e pregam sucumbem facilmente ao corporativismo e à corrupção. E, infelizmente, é preciso que alguém de dentro, ameaçado, preterido ou com alguma doença grave denuncie irregularidades, para que “pano” caia e revele a verdade por detrás das aparências, sem distinção de ideologia, cor ou crença religiosa.
As revoluções e contrarrevoluções que pregavam e pregam sucumbem facilmente ao corporativismo e à corrupção.
Adilson Gonçalves
Isso prova que para mudar o Brasil, precisamos de uma revolução, sim, mas de princípios, para aprender a dosar, por toda a vida, o ímpeto puro da juventude com a lucidez que se espera da maturidade.
É preciso aprender a representar o povo e não a enganá-lo!
Se não aprenderam isso na escola, ocupados com outras coisas, que voltem para ela!
E vejam se fazem a lição de casa direito dessa vez! Senão, nada nunca mudará!