Por Sergio França Coelho*
No final de 2015, estávamos todos as portas das eleições municipais no Brasil. Em meio as propostas de candidatos, e promessas de campanha, fiz parte de um grupo de amigos formado por professores, jornalistas e empreendedores, atraídos por um desejo em comum: A construção de um novo modelo de relação entre sociedade e governos.
O objetivo inicial não avançou, (fazíamos parte de uma equipe técnica de plano de governo) mas as ideias, princípios e pilares das propostas daquele grupo permaneceram latentes. Parte de nós continuou se reunindo esporadicamente, orientados pelo ideal de superação do pragmatismo político partidário, em benefício da criação de um espaço para o pensamento crítico livre, a mobilização de lideranças que acreditassem na compatibilidade do respeito a livre iniciativa empresarial, com valores coletivos humanitários.
Os encontros conservavam também, a convicção de que o modelo de gestão da coisa pública aspirado por aquele grupo, contemplaria, mais do que um conjunto de princípios e valores, mas a determinação de encontrar as melhores soluções de leva-los a realidade prática.
Nós temos tecnologia e os recursos para construir comunidades, cidades e países melhores.
Os sucessivos escândalos envolvendo a classe política tornava esse desafio ainda maior, e um consenso se formou entre os nossos objetivos: Seria preciso, antes de tudo, superar o desalento das pessoas em relação a classe política, raiz do desinteresse e da alienação da população frente os seus direitos e obrigações no conjunto da sociedade. Afinal, cidadania nada mais é que consciência de uma responsabilidade coletiva. No entanto, fruto de decisões individuais.
A revolução 4.0 ou 5.0 abriu a era da revolução digital inclusiva. Atualmente uma criança de 7 anos de idade tem mais informação que o imperador romano tinha no auge daquela civilização.
Mas o que estamos fazendo com toda essa informação?
Nesta perspectiva, milhões de jovens e adultos pelo mundo acessam redes sociais e sites de notícias. No entanto, com pouca ou quase nenhuma consciência crítica sobre o que estão lendo. E o pior, sem saber o que podem fazer de concreto para impactar a vida em sociedade.
“Afinal, como usar nossas ideias, nossa criatividade e nossa voz a favor do uso consciente de tanta informação, recursos e tecnologias disponíveis? Sim, nós temos a tecnologia. Nós temos os recursos para construir comunidades, cidades e países melhores”.
Em pleno século XXI, nossa humanidade convive entre dois grandes paradoxos. Um avanço cada vez mais acelerado dos meios tecnológicos de comunicação e produção industrial. Seja na produção de alimentos, bens de consumo, engenharia genética e transplante de órgãos. Ao mesmo tempo assiste a um assustador crescimento na produção de armas de destruição em massa, epidemias, doenças psíquicas, depressão, destruição da natureza, concentração de renda e fome. Esse paradoxo nos cobra a cada ano, atitudes de cidadãos conscientes, inteligentes, críticos e mais proativos.
Afinal, como usar nossas ideias, nossa criatividade e nossa voz a favor do uso consciente de tanta informação, recursos e tecnologias disponíveis?
Sim, nós temos a tecnologia.
Nós temos os recursos para construir comunidades, cidades e países melhores.
Como diria o arquiteto e escritor Caio Esteves – “Cidades melhores tem alma, cidades melhores são lugares onde as pessoas querem estar, para conviver com outras pessoas. Se a tecnologia não transformar para melhor a vida das pessoas, então, ela não terá servido para nada” …
Usei toda essa narrativa para ilustrar a urgência das sociedades de países democráticos em assumirem seu protagonismo na esfera pública.
Cobrarem dos atores políticos o compromisso de projetos e programas de governo que superem sectarismos ideológicos em prol de alianças convergentes. E utilizarem toda a tecnologia disponível para melhorar o diálogo com seus cidadãos, convertendo os clamores destes cidadãos, em soluções urbanas.
O momento que a humanidade vive está exigindo daqueles, que de alguma forma militam na política, tal postura de convergência.
A determinação de superar velhos paradigmas do “Nós contra Eles”.
Dos empresários contra empregados;
Dos conservadores contra os progressistas;
Dos liberais contra os socialistas;
Da direita contra a esquerda;
Dos ricos contra os pobres.
Se faz urgente encontrarmos um espaço de “coexistência” entre as diversas correntes ideológicas em prol do avanço da sociedade.
A classe política da baixada santista, (Região onde nasci e vivo até hoje) de história tão rica, não pode perder a ambição na própria capacidade de representar o Brasil neste ideal.
O Movimento Protagonismo Cidadão – Sociedade Sustentável – representa esta visão. Um movimento que não tem a pretensão de se intitular detentor das melhores solução para nada, mas acredita na força de uma IDEIA.
Na união do melhor em cada corrente ideológica. No talento de pessoas comprometidas com estes valores de humanidade, solidariedade, trabalho, e esperança em nossa nação.
Nesse movimento, todos são importantes para torná-lo representativo e capaz de influenciar decisões políticas de grande impacto no contexto local , regional e nacional.
Só o protagonismo de cada um de nossos cidadãos poderá promover tais ideais. E devolver às pessoas comuns, o direito que deveria ser inalienável e universal de construir a própria história.
E ao mesmo tempo, devolver a nossa região, seu protagonismo político econômico nacional, e porque não dizer, internacional.
Já fizemos isso muitas vezes ao longo da história e vamos fazer novamente.