16 de outubro de 2023
A guerra entre Israel e Hamas, no Oriente Médio, pode trazer consequências para o agro brasileiro. Apesar de o impacto inicial não ser tão direto, os efeitos do conflito no preço do petróleo tendem a afetar o custo de produção de fertilizantes, diesel e fretes, segundo apurou o portal da EXAME Agro. Outro risco é o envolvimento de países árabes que mantêm relações comerciais com o Brasil.
Segundo análise da Cogo Inteligência em Agronegócio, os indicativos são de que o confronto será prolongado. “Caso tenhamos um conflito que se estenda por um longo período, podemos ver preços de algumas commodities subindo de patamar”, diz Carlos Cogo, sócio-diretor da consultoria.
No ano passado, o agro brasileiro exportou US$ 727,43 milhões para Israel, com destaque para carnes (33,9% do total), soja (27%), cereais, farinhas e preparações (26,2%), produtos florestais (4%), café (3,5%) e sucos (2,3%). Já para a Palestina, os embarques foram bem mais modestos: US$ 29,9 milhões, especialmente carnes, cacau e outros itens alimentícios.
Por outro lado, o Brasil importa fertilizantes, defensivos e sementes de Israel. As compras totalizaram US$ 1,45 bilhão em 2022, com o país respondendo por 9% do cloreto de potássio adquirido e 11% do fosfato diamônico (DAP), aponta o relatório da consultoria.
Cogo avalia que o confronto não deve gerar impactos para o comércio agrícola entre Brasil e Israel nem falta de disponibilidade de fertilizantes israelenses. “O Brasil tem estoques de fertilizantes e não há problemas de abastecimento no momento. Também não deveremos ter interrupção das exportações de carnes, soja e milho para Israel”, projeta.
Mas ele observa que uma disparada do petróleo pode influenciar no custo de produção dos fertilizantes. “Antes do início do confronto, os preços da ureia já vinham em alta. A ureia foi o nitrogenado que mais subiu em setembro, com alta acumulada de 15% no mês, atingindo a cotação de US$ 400 por tonelada CFR (cost and freight), enquanto os segmentos de fosfatados e potássicos seguem com cotações praticamente estáveis”, afirma a consultoria em relatório.
Outro risco é a escalada do conflito no Oriente Médio, já que os países árabes são importantes destinos das exportações do agro nacional. “É uma região que produz muito petróleo, portanto, se escalar mais ainda, vai refletir nos custos da energia. Como o Brasil é um país ‘neutro’ no confronto, não deve sofrer com embargos, mas, caso a região entre em conflito, haveria riscos logísticos, sobretudo com os compradores árabes”, diz Cogo.
PETRÓLEO E O EFEITO-CASCATA – Um dos primeiros impactos da guerra foi na cotação do petróleo, que disparou em meio às incertezas no Oriente Médio, apesar de Israel não ser um grande exportador da commodity. O barril do tipo Brent fechou a segunda-feira, 9, com alta de 4,2%, cotado a US$ 88,15.
A valorização pode, segundo Cogo, afetar mais diretamente a produção de fertilizantes, diesel e etanol de cana e milho. Ele pontua que, como o petróleo é a principal matéria-prima dos fertilizantes nitrogenados, o avanço no preço pode influenciar no custo de produção em um momento em que as cotações dos grãos estão mais baixas.
“A preocupação seria com o custo de novas matérias-primas a serem adquiridas. O quanto será o impacto no custo de produção de fertilizantes e no custo de produção de culturas agrícolas irá depender dos desdobramentos do confronto”, explica o analista.
Cogo observa que, apesar de os custos de produção para a safra 2023/2024 estarem praticamente fechados, os voltados à segunda safra de milho, em que há forte peso dos nitrogenados (ureia), estão em aberto e uma oscilação pode interferir na decisão de investimento dos produtores brasileiros.
No caso do diesel, Cogo diz que a valorização do petróleo pode impactar no custo dos combustíveis e pressionar fretes e insumos.
Mas ele pontua que a alta deve ser insuficiente para forçar a Petrobras a elevar o preço da gasolina e, portanto, não vê impacto na inflação brasileira. Já para o etanol, o analista projeta um possível crescimento da competitividade e da demanda de biocombustíveis, com avanço nos preços às unidades produtoras.
ATIVIDADE PORTUÁRIA – A Baixada Santista, que tem como parte importante de sua economia a atividade portuária pode sofrer grande impacto destas oscilações. O que retomada o debate da atual dependência de comodities do comercio exterior de exportação brasileiro. Não apenas isso tem causado grande preocupação de analistas da geopolítica, mas também sobre como o Brasil tem se posicionado em relação ao Hamas e outros grupos radicais terroristas. A falsa equivalência entre os ataques do Hamas e a ofensiva israelense poderia colocar o Brasil num limbo diplomático em relação ao ocidente, e agravar ainda mais a situação econômica interna.
Diante disso muito se questiona: Qual seria o papel do Brasil em mais um momento delicado da geopolítica global? Perdemos uma oportunidade de exercer protagonismo geopolítico, já que assumimos a Presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU no mês de outubro? O que estaria por trás do atual posicionamento da diplomacia brasileira? Qual seria o papel do parlamento e como o cidadão poderá cobrar coerência do governo? No contexto regional, quais os reflexos na economia considerando que somos corredores de comercio exterior? Para refletir sobre esse tema, o painel de Governança Local do Protagonismo Regional em Debate promove no programa do próximo dia 16 de outubro, a partir das 20h, o debate:
TERROR EM ISRAEL | Como a Guerra com o Hamas poderá afetar nossa região? que terá como convidados: Castello Branco | Assessor Parlamentar no Senado – Capitão Reformado Exército e Herbert Passos Neto | Orientador Filosófico e Mediador de Conflitos
Assista o programa completo
SOBRE OS CONVIDADOS
OSCAR CASTELLO BRANCO DE LUCA | Natural de São Paulo, SP, e de família de militares há muitas gerações, graduou-se em Engenharia das Comunicações pela Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende-RJ, e em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou especialização em Orientação Educacional e pós-graduação em psicopedagogia e supervisão escolar. Possui mestrado em Estratégias Militares, além de outros cursos de especialização e extensão na área da Educação. Como militar participou nas Forças de Paz da ONU na Guerra da Bósnia. Ex-deputado estadual de SP, atualmente é assessor Parlamentar no Senado – Capitão Reformado Exército
HERBERT PASSOS NETO | formado em comunicação social, especialista em filosofia e neurobiologia, atua como filósofo clínico e orientador familiar.
SOBRE O PROGRAMA
A Plataforma Protagonismo Cidadão, iniciativa não governamental e apartidária, é uma rede apoiada por empresas, comunidade acadêmica e terceiro setor, fundada com objetivo de apoiar a iniciativa cidadã como verdadeira protagonista do desenvolvimento da sociedade. Nossa plataforma se autodefine como uma visão, selo e canal de informação. Uma Plataforma de Conteúdo, um Clube de Negócios e um Canal de Comunicação.
ENTREVISTAS E DEBATES SOBRE A REGIÃO
O programa Protagonismo Regional em Debate, apresentado pelos consultores e fundadores da plataforma Sergio França Coelho e Lucia Helena Cordeiro é produzido pela equipe de comunicação da Plataforma Protagonismo Cidadão, e teve seu primeiro programa veiculado em 30 de maio de 2020. Conta com a participação de especialistas e lideranças de setores diversos. Com duração de 60 minutos, as entrevistas e debates são pautados na identidade e vocações econômicas da região. As transmissões são feitas ao vivo pelas plataformas digitais da internet (Lives), com apresentação e condução das entrevistas feitas por Sérgio França Coelho e Lúcia Helena Cordeiro.
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico da região no cenário nacional, através da melhor exploração de suas vocações, e na criação de uma cultura de participação mais proativa da sociedade sobre temas ainda hoje circunscritos às áreas política, empresarial e estatal.
CANAIS DE TRANSMISSÃO
Para atingir estes propósitos, este projeto tem apostado em estratégias multiplataformas de redes sociais (canais do Youtube, Facebook e Instagram do Protagonismo Cidadão e do jornal Diário do Litoral), utilizando linguagem atraente a diferentes públicos, mas com foco especial no público de 35 a 55 anos, disposto ao debate crítico quanto aos desafios da vida nas cidades.