RELACIONAMENTO ABUSIVO | Cinzas e Renascimento

Até bem pouco tempo, o termo relacionamento abusivo era associado a agressões físicas cometidas por um dos parceiros dentro da relação, geralmente o homem. Com o passar do tempo e o acesso à informação, o abuso dentro do relacionamento foi ganhando novos significados e características e, de repente nos vemos em uma sociedade onde a grande maioria das pessoas se identifica com histórias e situações de abuso. Assim como em qualquer grupo de seres vivos, o mais forte sobressai ao mais frágil e, numa relação tóxica, a parte mais frágil tende a ir entrando cada vez mais fundo em um quadro de dependência das mais diversas formas, desde a emocional até a financeira, que ainda é uma das maiores causadoras da permanência em uma relação falida e adoecida.

 

A pessoa refém da relação abusiva costuma demorar a perceber que está presa a uma teia de manipulação e acaba adaptando-se à nova forma de subsistir. As torturas que começam geralmente disfarçadas de proteção vão tornando-se suportáveis e a inércia toma conta da vítima, que vai se tornando cada dia mais apática às agressões, aceitando tudo como se não tivesse o direito de escolher, como se não fosse mais um indivíduo dentro da relação e tomasse forma de um objeto de prazer do manipulador. O comportamento da vítima adquire um aspecto de dependência, anulação de valores, falta de autonomia, auto depreciação da imagem física, desapego do autocuidado. E por mais absurdo que possa parecer alguém se permitir chegar ao ponto de se anular por completo, esse cenário é mais comum do que se imagina e, 3 a cada 5 mulheres no Brasil sofrem ou já sofreram relação abusiva.

 

 

Rompendo o ciclo de abuso. Dentro de relações abusivas, é muito comum formar-se naturalmente um ciclo, que se repete com mais frequência e menor espaço de tempo a cada reconciliação. O ciclo consiste em 3 fases: CONSTRUÇÃO DE TENSÃO, onde o homem cria situações em que a mulher se sinta inibida ou intimidada, questionando as próprias atitudes tentando identificar o que teria deixado o parceiro irritado. A segunda fase do ciclo é a EXPLOSÃO, é onde ocorrem as diversas formas de violência. Por ultimo vem a fase de LUA DE MEL, o homem se mostra arrependido e promete mudanças, enche a mulher de mimos e faz com que ela se sinta especial outra vez, passam um dias de paz e logo em seguida o ciclo recomeça.

Para que haja o rompimento do ciclo, é necessário que antes de mais nada, a vítima identifique que está vivendo um relacionamento abusivo. Não é uma tarefa fácil, uma vez que a desconstrução da essência da vítima é tão violenta, que o rumo se perde e torna-se impossível enxergar possibilidades de uma vida plena fora do casamento, o ditado “ruim com ele, pior sem ele” ganha força na fase mais dura do relacionamento, e tudo é suportado para não permitir que a relação chegue ao fim. 

 

Uma vez que a vítima se identifica vivendo uma relação de abusos, o rompimento será uma questão de tempo, porém esta pode ser tida como a fase mais dolorosa da relação, onde a ideia de relação perfeita se desconstrói e a vítima precisa encontrar e retomar seu espaço na sociedade. Sozinhas e sem perspectiva, muitas mulheres são obrigadas a permanecer mesmo quando se dão conta de que estão sendo abusadas.

 

Medidas de apoio à vítima. São inúmeras as razões que fazem uma mulher permanecer presa a uma reação abusiva. Uma delas é a falta de rede de apoio consistente. Na fase que perdura o relacionamento, é natural que a vítima se afaste da família e de amigos, até que se torne objeto exclusivo do abusador. Sem rede de apoio, torna-se praticamente impossível cortar vínculos com o cônjuge abusivo, existe dependência financeira e emocional e a vítima se vê incapaz de recomeçar sozinha. É neste momento que se faz necessário entrar em ação uma força tarefa para a recuperação da mulher que passou pela agressão. Desde o apoio psicológico até programas de reinserção da mulher no mercado de trabalho. É fundamental que se compreenda as razões que levaram uma mulher a este tipo de relação para que ela possa encontrar o caminho de reencontro com o seu próprio ser. 

 

Medidas de segurança. Apesar de tanta informação girando em torno do assunto e da criação de novas leis voltadas para a proteção à mulher, ainda é comum que mulheres tornem-se vitimas de seus companheiros, algumas por falha da própria segurança publica, outras por medo de ficar sozinhas. Uma vez tendo o marido preso por agressão, a mulher se vê sem condições de prover sozinha o lar e acaba optando por não denunciar e permanecer na relação. Com o desgaste psicológico da mulher, todas as pessoas próximas ao casal acabam sendo afetadas de alguma maneira, principalmente nos casos  onde existem filhos, que são afetados ao ponto de desenvolver problemas psicológicos futuros e baixo rendimento escolar.

 

Diante deste cenário, algumas questões podem ser facilmente levantadas. Como as políticas públicas podem ser mais atuantes no combate a violência contra a mulher? As instituições privadas poderiam adotar medidas para auxiliar na reintrodução da mulher no mercado de trabalho? Existe um perfil padrão da vítima de relação abusiva? É possível afirmar que estas mulheres poderão voltar a ter uma vida normal após um processo de “desintoxicação” do relacionamento? O mercado ainda dificulta a inserção destas mulheres ou pode-se dizer que isto hoje é mito? Para refletir sobre esse tema, o painel GOVLOC do Protagonismo Regional em Debate promove no programa do próximo dia 09 DE JANEIRO de 2023, a partir das 20h, o debate: RELACIONAMENTO ABUSIVO | Cinzas e Renascimento  que terá como convidados: Rita de Cassia | Pedagoga e Voluntária  Larissa Forjanes | Gestora de Negócios

 

Assista ao programa na integra:

 

SOBRE OS CONVIDADOS

 

LARISSA FORJANES | Gestora de Negócios formada em Recursos Humanos com especialização em Marketing /Vendas e Políticas Públicas. Atualmente como empresária atuando com o terceiro setor e projetos para o desenvolvimento de políticas públicas. Desenvolvimento de programas para mulheres. Ocupou cargo de Articuladora de Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, desenvolvendo programas para o fomento do empreendedorismo na Baixada Santista.

RITA DE CASSIA | Pedagoga, complementação em psicologia,  estudou administração de empresas, gestão publica e serviços governamentais, empreendedorismo, desenvolvimento sustentável, ambientalismo.

 

SOBRE O PROGRAMA

O Protagonismo Cidadão é um negócio social (plataforma de cidadania digital). Iniciativa não governamental é uma rede apoiada por empresas, comunidade acadêmica e terceiro setor, para o apoio à livre iniciativa cidadã. Nossa plataforma se autodefine como uma Visão (Plataforma de Conteúdo), Selo (Clube de Negócios) e Agência de Marketing Digital (Canal de Comunicação na internet).

 

ENTREVISTAS E DEBATES SOBRE A REGIÃO

O Protagonismo Regional em Debate é um programa de entrevistas e debates pautado na identidade e vocações econômicas da região. Apresentado pelos consultores organizacionais Sergio França Coelho, Lucia Helena Cordeiro e nossos comentaristas, é produzido pela equipe de comunicação do Protagonismo Cidadão em parceria com os estúdios Tela Vip Digital.

O programa tem duração de 60 minutos e transmissões feitas pelos canais do Protagonismo Cidadão e do Diário do Litoral na internet (Lives). Fez sua estreia em 30 de maio de 2020 e conta, desde então, com a participação de empreendedores e lideranças de diversos setores.

 

PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO

O objetivo central dos debates é colaborar com a retomada do protagonismo político e econômico regional no contexto ante os desafios nacionais, através da melhor exploração de suas vocações. A criação de uma cultura de participação mais proativa da sociedade sobre temas ainda hoje restritos às áreas: política, empresarial e estatal.

 

CANAIS DE TRANSMISSÃO

 

Para atingir estes propósitos, este projeto tem apostado em estratégias multiplataformas de redes sociais (canais do Youtube, Facebook e Instagram Protagonismo Cidadão e Diário do Litoral), utilizando linguagem atraente a diferentes públicos, mas com foco especial no público de 35 a 55 anos, disposto ao debate crítico quanto aos desafios da vida nas cidades.