Algo em torno de 40 milhões de eleitores brasileiros, (quase a população inteira da Espanha), rejeitaram as opções apresentadas no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Cidadãos que recusaram adesão automática do debate simplista entorno de um “salvador da pátria” para enfrentar e vencer o “representante do mal”.
Esta polarização política que colocou de um lado, a direita de Jair Bolsonaro e, do outro lado a esquerda, tendo ainda como seu maior representante o ex-presidente Lula, empobreceu o debate sobre os destinos da nação em 2018. Abre a partir de agora, um oportuno espaço para o surgimento de outros nomes que, de alguma forma possam se posicionar no centro do espectro político.
A saída de Sérgio Moro do governo e o provável desembarque de eleitores que apoiavam o atual presidente por conta da operação Lava Jato, marcará a nova fase do governo de Jair Bolsonaro. Além disso, Bolsonaro terá que lidar com os riscos de uma possível derrota do plano liberal de Guedes, e pelo provável casamento com o Centrão. As consequências são imprevisíveis.
Por outro lado, a esquerda continua aprisionada a Lula, que impedido de concorrer continua minando o crescimento de qualquer liderança capaz de rivalizar com ele. A consequência visível é o afastamento dos ex-aliados de esquerda.
Sob o ponto de vista de boa parte da população, a visão binária de esquerda e direita não atende mais suas expectativas, e naturalmente a busca de outras alternativas no debate político nacional começam a efervescer em meio aos preparativos para as eleições municipais de 2020, que deverá ser fortemente impactada com a crise no governo federal.
Colocando em perspectiva o resultado das últimas eleições e as próximas, os mais de 40 milhões de brasileiros, órfãos de uma candidatura alternativa já mandaram seu recado, quando rejeitaram as únicas duas opções disponíveis no segundo turno em 2018.
Sob o ponto de vista de boa parte da população, a visão binária de esquerda e direita não atende mais suas expectativas
Certamente estariam mais propensos a apoiar uma terceira via, que conseguisse preservar a forma simples e direta de falar ao povo dos antecessores, e ao mesmo tempo elevasse o nível do debate político. O que é, sem dúvida, um imenso desafio.
A expectativa agora é saber como se portarão aqueles que fizeram sua opção pela direita com medo de um novo governo de esquerda.