CUBATÃO 76 ANOS| Um novo olhar para seu desenvolvimento | Por Elizangela Banifini

A emancipação político-administrativa de Cubatão da cidade de Santos da qual era distrito é considerado até os dias atuais como um marco fundamental para o desenvolvimento industrial da região. O processo de emancipação desencadeou devido ao acelerado crescimento populacional da região, as boas condições para o crescimento industrial e a falta de tratamento do município santista com aquela região.

Cubatão foi elevada à categoria de município por meio da Lei Estadual nº 2.456, de 30 de março de 1953, sancionada pelo então governador do Estado de São Paulo, Lucas Nogueira Garcez. A instalação oficial do município aconteceu no dia 1º de janeiro de 1959, quando em 09 de abril foi empossado o primeiro prefeito cubatense eleito, Sílvio Fernandes Lopes.

A autonomia política possibilitou a Cubatão acelerar seu desenvolvimento, especialmente a partir da década de 1960, com a instalação de grandes indústrias do setor petroquímico, siderúrgico e químico. Isso transformou a cidade em um dos principais polos industriais do Brasil, embora também tenha trazido desafios significativos, como a degradação ambiental.

Hoje, Cubatão é conhecida não só por sua importância industrial, mas também por ter sido um exemplo de recuperação ambiental nos anos 1990, quando projetos de controle da poluição e preservação ambiental conseguiram reverter parte dos impactos causados pelas indústrias.

 

 

POSIÇÃO GEOGRÁFICA ESTRATÉGICA E HISTÓRICA – Durante o período colonial, Cubatão teve um papel importante na formação do Brasil, especialmente como rota de ligação entre o litoral e o interior da capitania de São Vicente, depois São Paulo. Sua localização estratégica, aos pés da Serra do Mar, fez da região um ponto essencial para o transporte de pessoas, mercadorias e riquezas entre o porto de Santos e o planalto paulista.

Cubatão era parte do caminho conhecido como Caminho do Padre José de Anchieta (ou Caminho do Mar), uma das primeiras trilhas abertas pelos colonizadores no século XVI. Esse caminho era usado por padres jesuítas, bandeirantes e colonos que buscavam interiorizar a ocupação portuguesa e explorar o território. Por isso, a região de Cubatão se tornou uma área de passagem constante, ainda que sua ocupação fosse relativamente modesta.

Apesar de ainda pouco povoada na época colonial, Cubatão começou a se destacar como um ponto de apoio logístico vital, condição que mais tarde influenciaram sua transformação em polo industrial durante o século XX.

 

DEGRADAÇÃO E EXEMPLO DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL – Durante as décadas de 1960 a 1980, Cubatão, no litoral do estado de São Paulo, passou por um acelerado processo de industrialização. Grandes indústrias petroquímicas, siderúrgicas e químicas se instalaram na cidade, atraídas pela localização estratégica próxima ao Porto de Santos, ao Planalto Paulista e ao sistema viário que interliga as principais regiões do estado.

No entanto, esse desenvolvimento econômico teve um alto custo ambiental. A cidade ficou mundialmente conhecida como “Vale da Morte”, devido à extrema poluição do ar, da água e do solo. Na época, estudos apontavam que Cubatão registrava um dos piores índices de poluição do planeta, com altos níveis de emissões de dióxido de enxofre, metais pesados e outros poluentes tóxicos.

A vegetação da Serra do Mar começou a morrer, e problemas graves de saúde pública surgiram, como doenças respiratórias e malformações congênitas em recém-nascidos.

A situação chegou a um ponto crítico na década de 1980, quando a poluição começou a causar deslizamentos nas encostas da serra e a comover a opinião pública. A gravidade dos impactos ambientais fez com que o governo estadual e as indústrias locais fossem pressionados a agir. Foi então que se iniciou um dos maiores e mais bem-sucedidos programas de recuperação ambiental do Brasil. O projeto de recuperação envolveu a instalação de equipamentos de controle de emissões, tratamento de efluentes, reflorestamento da Serra do Mar e monitoramento ambiental contínuo.

As indústrias passaram a adotar tecnologias mais limpas e sustentáveis, e o governo passou a exigir rigor no cumprimento das normas ambientais. Esse esforço coletivo resultou em uma transformação significativa. A partir dos anos 1990, Cubatão começou a superar as dificuldades, e sua recuperação chamou atenção internacional.

Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), a ONU concedeu a Cubatão um prêmio de reconhecimento pelo seu notável processo de recuperação ambiental. A cidade foi reconhecida como símbolo mundial de reabilitação ambiental urbana, um caso raro de reversão de um quadro tão grave de degradação.

“Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), a ONU concedeu a Cubatão um prêmio de reconhecimento pelo seu notável processo de recuperação ambiental.”

 

UM NOVO OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO – Diante de tal acervo e patrimônio cultural, Cubatão reúne as condições históricas, ambientais e sociais necessárias para trilhar um novo caminho de desenvolvimento, baseado na construção de um futuro equilibrado e sustentável. Ao unir história, cultura e natureza, o município reafirma seu potencial como modelo de cidade turística e inovadora conectada às necessidades da sociedade.