PANDEMIA E SAÚDE MENTAL

3 de maio de 2021

                                                       

Um ano e dois meses de isolamento. Ano de perdas:  de pessoas queridas, perdas materiais, de emprego, perda da liberdade de ir e vir. Para muitos, medo, pânico, ansiedade exacerbada. A solidão causada por estas restrições trouxe uma outra importante preocupação: a saúde mental dos brasileiros. As medidas de prevenção para a COVID-19 ainda devem ser observadas, mas o cuidado com o bem-estar psíquico e emocional também devem ser levados a sério.

Pesquisa coordenada pela FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, revela que 47,3% dos trabalhadores em serviços essenciais apresentaram sintomas de ansiedade ou depressão, sendo que destes 27,4% sofrem de ambos simultaneamente. Além disso, 44,3% revelaram ter abusado de bebidas alcoólicas e 42,9% apresentaram distúrbios do sono durante este período.

Segundo pesquisa do Instituto IPSOS, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial e cedida à BBC News Brasil, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou, um pouco ou muito, no último ano.  Essa porcentagem só é maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).

Dados inéditos fornecidos pelo Google ao Jornal “O Estadão”, com relação ao comportamento dos brasileiros no site, aponta alta de 98% nas buscas sobre o tema “transtornos mentais” nos últimos doze meses, muito superior à média dos últimos dez anos.

A pergunta que bateu recorde foi “como lidar com a ansiedade”, com crescimento superior em 33% em relação a 2019, seguida pela busca de “como lidar com a depressão”. Recorde também em volume de busca, após oito anos, foi batido em junho do ano passado com o questionamento: “o que é felicidade”.

Para especialistas o comportamento na internet reafirma o que estudos no Brasil e no exterior já observam: medo, solidão e incertezas trazidas pela pandemia e isolamento levam a uma alta de transtornos mentais.

Segundo o Dr. Ives Cavalcante Passos, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, o “medo de contrair a doença ou de transmiti-la para familiares do grupo de risco gera permanente estado de ansiedade. A diminuição do contato presencial e de vínculos, impactos econômicos, sobretudo para os que já tinham menos recursos e a exposição excessiva a notícias sobre o Corona Vírus aumentam o sofrimento mental”.

O conceito universalizado pela OMS – Organização Mundial da Saúde é que “saúde mental é um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e é capaz de fazer contribuições à sua comunidade”.  Não há saúde plena sem plena saúde mental. A resposta emocional à pandemia é variável segundo o gênero, condição socioeconômica, insegurança econômica e falta de perspectivas.

Ainda segundo a OMS, o Brasil é o país que apresenta a maior prevalência de depressão na América Latina. Também aponta como o país mais ansioso do mundo.  Para os profissionais da área de psiquiatria, a solidão provocada pelo obrigatório isolamento social é reconhecida como perigoso gatilho, pois atua como um acelerador dos processos de transtornos de humor.

Resultados, ainda preliminares, de estudos conduzidos pela Universidade de São Paulo (USP) e publicado na Revista Científica Plos One, revela que as mulheres, pessoas sem filhos, estudantes, pacientes com doenças crônicas e pessoas que conviveram com pessoas diagnosticadas com COVID 19 foram os mais afetados emocionalmente pela pandemia.

A literatura médica observa que as mulheres foram as mais impactadas face ao acúmulo de tarefas: profissionais, domésticas e responsabilidade pela educação de filhos.

E agora, após mais de um ano, como está a saúde mental dos brasileiros? Como identificar possíveis transtornos mentais advindos da pandemia? Como amenizar ou reduzir os impactos provocados?

Para tratar sobre COVID 19 E SAÚDE MENTAL: OS GRANDES DESAFIOS ATUAIS” o Live Protagonismo Regional em Debate, em seu painel GOVERNANÇA LOCAL, recebeu no programa de 3 de maio de 2021, Ana Regina Espírito Santo – Enfermeira – Especialista Em Saúde Pública, Consciência Corporal E Dança e Cristina Varandas- Psicóloga – Mestre Em Psicologia Experimental (USP)

Assista ao programa completo

 

live Protagonismo Regional em Debate, promovido e organizado pelo Movimento Protagonismo Cidadão é transmitido pelo Youtube, Facebook e Instagram todas as segundas feiras, a partir das 20h.

Programa de 3 de maio de 2021

Painel GOVERNANÇA LOCAL

Tema – “COVID 19 E SAÚDE MENTAL: OS GRANDES DESAFIOS ATUAIS”

Apresentação, Lucia Helena Cordeiro

 SOBRE OS CONVIDADOS

ANA REGINA ESPÍRITO SANTO – ENFERMEIRA – ESPECIALISTA EM SAÚDE PÚBLICA, CONSCIÊNCIA CORPORAL E DANÇA. PÓS EM CIÊNCIAS HUMANAS: SOCIOLOGIA, HISTÓRIA E FILOSOFIA. ATUAÇÃO EM ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR, SAÚDE MENTAL, DST E AIDS, JUNTO À SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE EM SÃO PAULO.

 

CRISTINA VARANDAS – PSICÓLOGA – MESTRE EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL (USP) – DOUTORA EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PELA FMUSP – SUPERVISORA DE ESTÁGIOS EM PSICODIAGNÓSTICO, INTERVENÇÕES, CLÍNICAS BREVES E EM GRUPOS DE COMUNIDADES DA UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA – LÍDER DO GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM PSICOLOGIA E COGNIÇÃO (GEPESPSI).